quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
hematomas
nas coisas que passam e naquelas que esquecemos.
sim, há diferenças:
passar é naturalmente esquecer
esquecer é fingir que não lembra
às vezes é preciso fingir que não morreu, para deixar vivo
em outras é necessário morrer, para enterrar de uma vez.
e, mesmo morto, não se enterra o sorriso, as piadas, o abraço confortável de um pai.
é estranho, mais do que acreditar, ver o tempo passar.
a casa era tão cheia de presença
tão cheia de móveis
tão cheia de vocês ou mesmo de você
a casa era
não consigo olhar para certa coisas e não lembrar que pessoas tornam outras pessoas substituiveis.
desculpa, não sou assim.
é preciso curar, passar remédio, para depois machucar de novo.
o bom mesmo é que não haja mais feridas...
mas, vez ou outra, quem é que não cai e deixa hematomas?
domingo, 5 de dezembro de 2010
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Mesmo que Mude
"É sempre amor, mesmo que acabe
Com ele aonde quer que esteja
É sempre amor, mesmo que mude
É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou
Para conversar
Nunca é muito tarde pra ligar
Ele pensa nela
Ela tem saudade
Mesmo sem ter esquecido que
Com ele aonde quer que esteja
É sempre amor, mesmo que mude
É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou"
domingo, 21 de novembro de 2010
conversa de botas batidas.
- meu tempo maior que o seu por aqui não me fez entendê-las também, querida.
- um dia consigo?
- acredito que não.
- sem elas seria melhor, suponho?
- sem elas seria insuportável, meu amor. pessoas movimentam nossas vidas, nos trazem alegrias, morrem e nos deixam buracos, nos entristecem e, sinceramente, não há nada melhor que compartilhar felicidades (e até mesmo tristezas) com elas.
- senhora?
- sim, querida?
- posso me deitar no seu colo por uma pequena eternidade?
- o tempo que for preciso.
- acho que vai levar uma vida inteira...
- não, não ache isso.
- eu não acho senhora, eu sinto.
sábado, 20 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
terça-feira, 16 de novembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
um pedaço de não-vida na vida.
não é por preguiça e tão pouco por medo. é pela dor que um parto pode ser e quanto se devota de amor em uma vida pra vê-la morrer tão cedo. é pela falta de tato de saber cuidar do amor e matar a vida. é por razões que ainda não sei e nem acredito que vou saber um dia.
amor acaba independente do tanto de respeito que exista.
e respeito acaba mesmo existindo milhares de montes de amor.
então, por que acaba?
se existe amor, ele deveria ser maior que tudo. se sobrepor a dezenas de coisas. ou, façamos assim, ele nem deveria existir. o que não existe, não existe e pronto. não há dor, parto ou aborto.
penso e repenso o que faz dar errado e minhas conclusões nunca me trazem respostas adequadas ou convenientes. por isso a pergunta que me faço sempre é, se somos aquilo que pensamos ser ou se somos aquilo que outros enxergam na gente. há uma visão míope aqui. se sou o que penso que sou, me conheço e finito. se sou o que pensam que sou, o outro me reconhece mais que eu mesma e daí ultrapassar a linha raza de quem eu sou é impossível.
imagino também que há pessoas que se entendem e compartilham quem são mais facilmente que outras. portanto, se comigo não deu, certamente com outra dará. ou não.
confusões à parte, a máxima deveria ser "viva". o problema é quantas vidas perdemos com essas vidas que morrem?
domingo, 14 de novembro de 2010
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
então...
talvez nem o que eu tenho pensado venha ao caso. quem sabe sim? mas o que me choca é a reconfiguração quase automática das pessoas em relação à outras. quem me conhece de verdade é quem convive comigo sempre? é quem conviveu comigo e me viu entender um pouquinho melhor o mundo? é quem me conhece agora? é quem sabe dos meus medos? são meus amigos ou são os namorados? são que tipo de amigos ou são que tipo de namorados? eu sou eu onde? ou sou várias?
sei que o discurso do "eu te conheço..." não existe. e ponto. no fundo, quem sabe de nós, somos nós mesmos. fotos mentem, ainda mais na velocidade instântanea das redes sociais, frases mentem e até mesmo sentimentos são mentirosos. é só deitado na cama ou enconstado no chão frio do banheiro que dá pra sentir quem nós somos, fomos e queremos ser. e é isso que leva tanto tempo pra entender.
36 faz diferença? sim. assim como 2 ou 4. é só analisar. daqui 4 anos, como vou ser? olhe pra mim, se de forma alguma não quer ser como eu, é porque na sua idade eu já quis não ser igual a alguém 4 anos mais velho. ou parta pra outro entendimento, exemplo ou visão. ou ainda não faça nada. viva. sofre mais quem pensa muito e vive melhor quem ignora o outro.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
então, que seja doce e que não doa.
domingo, 7 de novembro de 2010
e verei,
ah! verei como é doce...
como somos, enfim, nós.
nosso pedaço guardado de saudade
e nosso pedaço guardado de amor
nossa fuligem resguardada em carros antigos
nossos pedaços de rancheras não dançados
de tequilas mal tomadas
de amores (fingidos) mal vividos
haverá a estranheza, supostamente
e haverá o conhecimento de saber
que tu sempre foi meu
e eu sempre te pertenci,
amor.
sábado, 6 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
a chateação vem da descrença...
me angustia o simples fato da possibilidade de me esbarrar em você.
por isso,
vou embora.
sigo vivendo
escrevendo
tomando injeções erradas
trocando pomadas
trocando doenças
arranjando problemas
lendo
ou não lendo
comprando dezenas de revista
fazendo uma centelha de besteiras
e você?
me diz...
está bem quando está bem.
e está mal quando está mal, pra você?
então é isso?
ele me disse, "ven por ti, no por mi o por nadie"
é isso...
por mim
sem egoísmos
compromissos
descrenças...
por mim.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
tem gente que, pra subir, precisou descer e muito. estou muito feliz com a mudança alheia. um amigo foi no fundo do poço e voltou. e voltou firme e voltou bem e voltou feliz e voltou morando num lugar lindo. é nele que me inspira a mudança. fé eu tenho e ela é em mim. não em um deus, um santo que quebra, uma cruz de madeira. existe algo maior. existem amigos. existe a realidade que machuca, que fere os olhos, que dói pra caralho mesmo. to engolindo as lágrimas. e não é por você, nem por quem me ama de verdade. é por mim. e já que eu sou tida como egoísta e individualista, vou continuar sendo. alguém tem que me amar e não adianta amor nenhum no mundo se não tiver o meu próprio.
fim. não quero um novo capítulo, quero um novo livro. e dessa vez ninguém vai jogá-lo em telhado algum.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
- você vê?
- acho que senti
- onde estávamos quando nos perdemos?
- quando nos encontramos?
- você vê?
- eu sinto, amor
- você mente, coração
- você não vê, não é?
- eu não vejo, já disse que sinto.
- eu queria ser assim.
- você é mais que isso.
- sabe o que é acordar e de repente ser da conta que as folhas no chão são como os sentimentos? existe uma fonte, que é a árvore, que floresce, dá frutos, dá galhos, dá bichos. Mas mesmo com essa vida toda em volta dela, aquela folha, uma vez caída no chão nunca mais volta a ser o que era antes. De verde, fica marrom, até desaparecer. A chuva ajuda a derreter, a destruir, até desaparecer. Me sinto folha.
- me sinto chuva.
se puder, sem medo
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava
(oswaldo montenegro)
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
eu só queria compor uma canção para homens trôpegos que passam pela rua mexendo com pessoas sãs.
queria cantar o que eu vejo e me falta palavras pra definir.
queria indefinir.
queria o sorriso manso da manhã e fingir pra sempre que eu sou feliz,
pra sempre.
queria o poço, pra nadar nele como abelhas alvoroçadas nas flores de setembro.
queria aquele soneto em mim e o poema de mim em você.
queria me transformar em poesia: essência.
e só.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
é preciso aprender.
é preciso aprender a conviver com seus fracassos, é preciso arranjar clichês para se estar, haja vista que são os clichês que movimentam os sentimentos. é preciso caminhar sem saber onde se está indo. aprender a olhar o passado. aprender a reaprender e repensar os pensamentos. é preciso abraçar, sorrir com o fígado, é preciso precisar e também é preciso não precisar de forma alguma. é preciso engordar e fazer disso uma parte pequena da sua vida. é preciso aprender a estar sozinho: ser sua própria esfinge, decifrar-se, devorar-te. antes de mais nada, é preciso aprender. é preciso fotografar. ah! como é preciso fotografar: olhar, escolher, disparar, analisar, escurecer ou clarear, eternizar. é isso, sou passageira de um mundo que pouco eterniza e eu quero eternizar.
sábado, 9 de outubro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
se não é amor o mais importante, então o que é?
depois, do meu histórico familiar e toda minha carga depressiva e depreciativa comigo mesma, além do meu vitimismo tão corriqueiro, gostaria de saber se ainda é possível acreditar quando alguém fala "eu te amo".
há tristeza e há de monte.
mas vai passar.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
casa de bonecas
não pego cada pessoa com as mãos e invento estórias e personagens.
não subo escadas
não tomo chás de mentirinha
nem abro a cristaleira rosa fingindo pegar uma taça de vinho ou de champanhe, nas raras ocasiões especiais.
não tenho se quer cristaleira e mesmo que a tivesse certamente o rosa teria ficado no passado em que meninos tinham sempre que levar refrigerante e meninas salgadinhos.
não, não defino minha vida entre rosa e azul. às vezes simplesmente nem há cores.
não troco a roupa das minhas bonecas, digo, personagens, como se fosse a coisa mais importante do dia
nem refaço diariamente a cena de beijos e amor dramatúrgico que um suposto Ken tinha com uma Barbie tão fora de qualquer padrão corporal existente.
não há mais amor no meu passado e nem cenas picantes de amor no meu presente.
aliás, que tipo de amor uma criança empunhando bonecas de plástico fingia existir?
que amor seria esse de dormir junto em caminhas de madeira tão bem talhadas?
a minha casa era maravilhosamente linda, tenho que dizer.
feita rigorosamente a meu gosto e vistoriada madeira à madeira pelo meu pai.
ele, inclusive, se enciumava quando em meu lugar entrava alguma prima distante querendo mudar a estória de vida dos meus personagens - para elas tanto fazia quem era o casal, de repente, haviam trocas que eu nunca imaginaria em sã consciência. não! meu pai tinha razão: na minha estória ninguém podia mexer. era minha e ponto.
porém, tive que fingir aprender a lidar com pessoas e deixar as bonecas
confesso, não por não poder pegar as pessoas e inventar falas, abraços, beijos, sonos profundos e divididos, mas sim por não poder simplesmente trocar uma roupinha qualquer.
viver é mais complexo e mais duradouro, por mais que as minhas bonecas estejam todas em alguma estante do meu passado, viver é tão duro quanto ver a casinha de madeira ter sido transformada em um depósito imenso de tralhas sem serventia alguma.
não tenho desejos de manipular, não tenho desejos de moldar, mas confesso, tenho desejo de ser abraçada por quem desejo que me abrace. e não posso.
acho que uma prima distante revirou minha história: eu, uma boneca deformada pelo tempo, perdi espaço para uma nova sensação da estrela, mais nova, com a bunda mais empinada, a cabeça menos atordoada, a simplicidade mais aflorada - um super lançamento.
e entendo.
mas entender de forma alguma significa sofrer menos.
a minha casinha virou pó. e até para o pó há solução: com um pano molhado vai embora e, se volta, nada como a boa insistência do pano. alterne, panos secos e molhados e sempre terá a poeira indo embora. (mas de algum modo ela volta, não é?)
não sei que tipo de amor era aquele entre o casal de bonecos. não consigo lembrar de onde vinha um amor tão dilacerante, tão fortemente bonito, tão veementemente abraçável. tão carinhosamente amado. era amor. era simplesmente amor. ou não era.
gostaria de subir escadas
de tomar chás de mentirinha
de, só por hoje, abrir a cristaleira para tomar champanhe
e depois, bem depois, de comemorar um amor de seres tão pequenos como bonecos de forma tão grande como eu, criança, imaginava.
só por hoje queria me reduzir para caber na caminha de madeira tão bem talhada. só por hoje queria ficar pequena para amar grande.
e saber que mesmo sendo uma boneca deformada pelo tempo que ele, meu boneco de plástico, me amasse dessa mesma forma. que não visse em mim um poço do que tenho sido, mas um monte de coisas que já fui e que continuo querendo ser: hoje, simplesmente me abrace e me minimize para eu crescer.
café, acabou o amor.
pelo chão, ao invés de passos é possível ver claramente livros, cadernos rabiscados com poemas que nunca serão publicados, latas de cerveja de várias marcas, anéis apertados para dedos gordos, um pouco de sangue misturado com certezas mentirosas.
no ar, fica a dúvida inevitável: a fumaça dos velhos vícios, a fumaça daquilo que pede socorro sem pedir. seria isso? seria?
para quem me lê diariamente e pensa que pensa como eu penso, aliás, que pensa que sabe como eu penso, eu digo: é fato, é verdade. mas até que ponto algo muda para ficar exatamente como está? e até que ponto algo muda para piorar o que já estava ruim? até que ponto algo que havia mudado volta a mudar para entristecer?
a semana tem sido pesada e as notícias que me chegam mais duras ainda.
então, por favor, volte com a certeza que ficará e me deixe afundar com a certeza da incerteza.
sim, existe amor. mas será que eu vou ter que dizer: café, acabou o amor?
domingo, 26 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
do tempo sem chuva
e restou
o quarto soprando o vento quente teve sabor de saudade
e deixei que soprasse
não pelos mesmos gostos
nem pelos mesmos cheiros
o vento trazia aquilo que vento traz:
alívio de pronto
calor depois que se vai
o que havia mudado depois que o vento deixara de soprar?
o que havia transformado depois que o vento deixara de existir?
o tempo mudou
depois do tempo, veio a chuva
a chuva era tão rara que nem fazia parte do tempo
chover significava parar o tempo
dar significado a vida, isso era a chuva
e depois que a chuva veio, logo se avechou e foi embora
sem tempo chuva não queria ficar
sem vento tempo não queria passar
pela janela percebi que ventava no tempo da chuva.
milagres são coisas que
acontecem com as chuvas
e chegam com o tempo.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
terça-feira, 14 de setembro de 2010
é tudo uma questão
o popular me soa tão raro, assim como as coisas que eu deveria estar acostumada ainda me espantam. e gosto disso. gosto do espanto, como gosto de meu "autistar" do mundo para perceber que o vento empurra a folha que o vento já havia derrubado no chão. percebo a folha, reolho o chão, refaço o sentimento me empurrando com o vento. não me movo. ou movo. é tudo questão de lugar. estava exatamente ali quando nos conhecemos - e não, não ache que é você - eu estava exatamente naquele lugar, que pode ser qualquer lugar, quando nos conhecemos. é tudo sempre igual. o lugar, o(re)conhecimento, as promessas, a vida, o mar, o céu, as flores...ah! - amor, acabou o café ou - café, acabou o amor? o que fica quando se vai? o chão fica, assim como as folhas se renovam e caem ou não caem, é tudo uma questão de estação.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
me entardeço.
Arranca-me
Jogando depois
Na vala comum
Em que país me apareceu?
Com sua língua estranha
Com seu idioma nocivo
Com seu vício de vida
Seu olhar me come
Meu olhar te mata
Te escuto,
não me fita
Te escureço,
e me entardeço,enfim.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
meu
meu.
sábado, 28 de agosto de 2010
o escuro.
- não sei, não vi quando chegou. você viu?
- senti, senti que chegou.
- quando nos perdemos um do outro?
- talvez nunca estivemos um com o outro...
- você viu o último capítulo da novela?
- ... talvez nunca
- finais felizes não me interessam
- lembra quando subimos no morro pra ver o pôr-do-sol?
- não consigo me lembrar o que de nós se perdeu no tempo...
- foi o tempo que se perdeu em nós. é como se tivéssemos subido pra ver o sol de mãos dadas e, quando o tempo escureceu, nossas mãos se perderam...
- é, foi no escuro que tudo se perdeu, inclusive nossas mãos.
- é, inclusive.
sábado, 14 de agosto de 2010
Garcez
Desafogador de profundezas
Tristezas
Quem sabe, o fim
Vendedor de sonhos
No canto fechado te escuto
Suspiro saudade
Vendendo a mim
Quantos maracujás
Formam a palavra distância?
Quanto de ti a mim pertencem?
Quanto de nós no mundo fica?
Cedo, cedo
Sonho sei
E te guardo nas canções
Que você não fez pra mim
Fim.
(dedicado ao Kleuber Garcez, vendedor de sonhos e um dos melhores compositores que conheço)
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
olho-tempo
a gente entra no corredor da morte todo dia:
o primeiro é o de casa até o ônibus.
no ônibus, espremidos feito vacas de olhos esbugalhados e intensos, cheios de medo da morte, chegamos ao corredor do trabalho.
a morte vem aos poucos. e vem todos os dias, não falha.
tal qual uma pistola pneumática - a morte entra e sai, sem deixar marcas e ruídos. entontece, mas deixa que nos reviremos de cabeça para baixo. deixa que o mundo todo seja um corredor espremido e exprimindo.
nos tiram a pele
arrancam os ossos
nos dividem - para nos comer
jogam fora nossos dentes
reutilizam nossos cabelos
o mundo é um corredor
e o olhar do mundo é o olhar da vaca - é o tempo.
o tempo é o olhar do mundo.
a vaca é o olhar da morte.
terça-feira, 10 de agosto de 2010
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
que lado era eu?
era eu um lado?
era?
seu lado
na cama revirada
virada?
a vida?
vamos soletrar saudade
conjugando ausência
vamos conjugar saudade
preteriando presença
vamos,
vem
venha
vem eu
vem eu
sem tu
sem tu
vamos conjugar certeza
vamos conjugar
desconjurar
des
desmentir
mentir
joguei na saudade
ganhei pretérito mais que perfeito
perfeito
perfeito
você.
domingo, 8 de agosto de 2010
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
é a mesma canção de sempre
susurro em silêncio a minha tristeza
afogo os livros
tocando o piano lentamente
a mesma canção de sempre
é a mesma canção de sempre
é a mesma
sempre
é a mesma de sempre
canção
canção
canção
cansam.
domingo, 1 de agosto de 2010
espinhos
um nós torto transformado em sim
e tanto sim gasto transformado em não.
se aconteceu
o que aconteceu?
acontece que acontece
tanto quanto janeiro é sempre
começo do fim
talvez seja o fim do começo.
e setembro venha antes de abril
não sei se nasce flores de lá
mas aqui tem nascido espinhos
só espinhos.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
ou percebe, talvez, que o tempo passou quando os outros mudaram, e você não.
é, na verdade, são duas moedas com o mesmo lado.
e são milhões de sentimentos pra uma moeda só.
ver todos passando dá uma aflição tal qual entender que a gente se esvai tão antes do que os que estão do nosso lado gostariam. ou que a gente vai querendo ter ido era há muito, muito tempo.
não sei.
tenho pensado tanto no tempo que não tenho ouvido seu barulho.
ou tenho, ele dá sinal
seja nos fios trocando de cores
ou
nas cores trocando de vida
ficando cinzas - o que era preto
ou ficando amarelas - o que era branco.
não sei o que pesa mais
é a mudança não te acontecer
ou você não ter vontade que ela aconteça
quinta-feira, 8 de julho de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
sábado, 19 de junho de 2010
me cansam. as pessoas me cansam. pouca idade, muita idade, teorias idiotas, palavras não entendiveis que só deveriam ser proferidas pro seu próprio ego, como dizendo pra ele assim: "viu, como sou inteligente? viu como absorvo inteiramente (ou até mesmo aquém) do que aprendo?".
teorias são ótimas. principalmente aquelas maquinadas em meio há gargalhadas, sorvetes, cervejas, abraços, carinhos, choros, caminhadas até chegar, finalmente, a cachoeira, reuniãozinha de afins num gramado lindo e carregado de alegrias dominicais. teorias são ótimas quando de fato são recolhidas as devidas proporções de humildade para formá-las.
não me cansam os cachorros loucos por carinhos, nem os gatos que reviram o lixo. eles me dão raiva, se muito. o que cansa são os desprezos, as faltas de tato, as pseudoautonomiasfakes e, principalmente, volto a repetir, a falta de humildade descomunal.
e, quando sobrar humildade e faltar burrice, de repente as pessoas parem para pensar como é vazio escutar uma música que não diz nada com uma cabeça que pensa menos ainda.
mesmo com 87 anos os bons morrem jovens e mesmo com 18 tem muita gente precisando morrer.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
sexta-feira, 11 de junho de 2010
coisas miúdas
de ouvir o barulho que faz o vento nas folhas secas do chão
de pisar nas folhas secas
e de sentir o chão
gosto da pequenez do ínfimo
de ser redundante na minha insignificância
perto de outras coisas tão infinitamente maiores
gosto de tocar o intocável
de me aproximar de coisas que não existem
de me amiudar cada vez que sofro
e me tornar menor ainda cada vez que penso
me encaixo na solidão
porque sei que não fui feita pra multidões
não sei tocar o outro
sentir o outro
pensar no outro
amar o outro
me amiúdo mais e mais
cada vez que penso na pequena grandiosidade que seria
se pudesse
tocar
sentir
pensar
e amar
mas não posso
minhas pequenas noções de felicidade
são quando me encontro cercada por pequenas multidões:
os meus
os próximos
entendo isso
entendo que as noções de felicidade são compartilhadas
mas a minha pequenez é tanta que amasso e quebro sentimentos
como as folhas secas no chão
posso tocar as folhas
mas não tenho tato para tocar um coração.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
uma cabeça que eoca por aí
não, não. não no mundo que eu posso frequentar - como se houvesse mundos em que eu não pudesse frequentar, entende? mas nesse mundo me sobraram dois lugares nos quais posso ir.
um, é meu quarto.
o outro, a minha alma.
a ausência de fluidez, o colorido das letras, os rabiscos do tempo, os cheiros doces e azedos. este é o meu quarto. tudo o que resta, é minha alma.
o intangível, o frágil, o tempo, as letras, as cores, os doces e, até os amargos, também estão na alma. note, aqui, coisas se repetem e nada se reprime.
me pego dentro do quarto da alma e percebo que são inseparáveis.
a loucura, pergunto, é do quarto ou da alma? ou é um quarto da alma?
as cores, me pergunto, são dos meus olhos que veem ou dos olhos dos outros que sentem? eu sinto?
repito, eu sinto?
hoje, pra essa pergunta, o quarto parece estar vazio.
e percebo que a voz ecoa.
sem fluidez, sem cores, sem cheiros, sem tempos e nem rabiscos o quarto está vazio e sem respota.
o quarto, percebo, é a cabeça.
e arre, como é difícil ter uma cabeça que ecoa por aí.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
quinta-feira, 13 de maio de 2010
quarta-feira, 12 de maio de 2010
terça-feira, 4 de maio de 2010
sábado, 1 de maio de 2010
por que não nos ensinam a morrer?
sujar de terra a mesma saudade
beliscar a ausência
chorar compulsivamente a presença
derreter em risos.
abafar uma solidão com o grito
escancarar de silêncio uma paixão.
nadar num rio de livros
balançar numa árvore de borboletas
voar fora da asa (como dira ele, o poeta)
usar figuras de linguagens
onomatopeiar quando preciso
navegar em outra dimensão assim que necessário
botar fim, no fim
e só então começar, de verdade, um começo
para onde vamos?
por que não nos ensinam a morrer?
por que, simplesmente, não nos ensinam a entender que, se termina um fim
é só porque começa de verdade um começo
e até que entendamos isso, de que começo e fim não são, necessariamente, parte da mesma história, dói.
e como dói.
(Dyolen, vá em paz)