quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

entre salas


hoje eu podia me topar com você, né? tropeçar por aí... meio sem querer.

domingo, 19 de dezembro de 2010

caminho
olho
olhos
você

domingo, 12 de dezembro de 2010

amo como ama o amor, não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar.

pessoa.

sábado, 11 de dezembro de 2010

é estranho participar ativamente da batalha diária da vida de uma pessoa e, de repente, não poder estar lá para comemorar com ela ou dizer: parabéns.

é, sobre aquilo... sobre o tempo... é isso mesmo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

hematomas

é estranho acreditar no tempo.
nas coisas que passam e naquelas que esquecemos.
sim, há diferenças:
passar é naturalmente esquecer
esquecer é fingir que não lembra

às vezes é preciso fingir que não morreu, para deixar vivo
em outras é necessário morrer, para enterrar de uma vez.
e, mesmo morto, não se enterra o sorriso, as piadas, o abraço confortável de um pai.
é estranho, mais do que acreditar, ver o tempo passar.

a casa era tão cheia de presença
tão cheia de móveis
tão cheia de vocês ou mesmo de você
a casa era

não consigo olhar para certa coisas e não lembrar que pessoas tornam outras pessoas substituiveis.
desculpa, não sou assim.
é preciso curar, passar remédio, para depois machucar de novo.
o bom mesmo é que não haja mais feridas...
mas, vez ou outra, quem é que não cai e deixa hematomas?

domingo, 5 de dezembro de 2010

RIO DE JANEIRO: aí vou euuuuuuuuuu!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

entre a face e a foice. entra a foice e o flerte. entre o feito e o fato. entre o faço e o feito. refaço, desfeito, desfaço... deleito-me.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

mais uma etapa. =)

(=
a fórmula da felicidade é ter amigos que te completam.
mesmo com alguns buracos, o que faz da vida a realidade: um rally imenso.

=)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Mesmo que Mude

"É sempre amor, mesmo que acabe
Com ele aonde quer que esteja
É sempre amor, mesmo que mude
É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou

Para conversar
Nunca é muito tarde pra ligar
Ele pensa nela
Ela tem saudade
Mesmo sem ter esquecido que

É sempre amor, mesmo que acabe
Com ele aonde quer que esteja
É sempre amor, mesmo que mude
É sempre amor, mesmo que alguém esqueça o que passou"

domingo, 21 de novembro de 2010

conversa de botas batidas.

- desculpa por não saber fingir, senhora. mas estou aqui há meio século e ainda não aprendi a lidar com pessoas. talvez pelo fato delas complicarem sem necessidade.
- meu tempo maior que o seu por aqui não me fez entendê-las também, querida.
- um dia consigo?
- acredito que não.
- sem elas seria melhor, suponho?
- sem elas seria insuportável, meu amor. pessoas movimentam nossas vidas, nos trazem alegrias, morrem e nos deixam buracos, nos entristecem e, sinceramente, não há nada melhor que compartilhar felicidades (e até mesmo tristezas) com elas.
- senhora?
- sim, querida?
- posso me deitar no seu colo por uma pequena eternidade?
- o tempo que for preciso.
- acho que vai levar uma vida inteira...
- não, não ache isso.
- eu não acho senhora, eu sinto.

sábado, 20 de novembro de 2010

é difícil olhar pra frente, deixando um mundo inteiro pra trás.
é incomum e doloroso ter que mudar pra caber no mundo
refazer ou fingir ter refeito
não me curo talvez por não conseguir fingir que não existe
que não dói
que passou

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

"De que adianta você saber o quanto eu sinto
Minha dor vai ser mais problema que solução
Por fora eu disfarço o quanto eu ando aflito
De só ter pra ter dar meu tempo
E minha inútil compaixão

Vou esperar do seu lado
A tempestade passar
Vou esperar do seu lado
Porque eu só posso esperar"

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ok, eu vou embora.

e o que será do que eu sinto por vc? não queria perder. meu desejo é te balançar, pra te fazer acordar, e me enxergar. e entender que amor não é coisa de 2 semanas.
mais uma etapa.

aos poucos, bem poucos, as coisas se ajeitam.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Há duas razões para as pessoas mudarem. Ou eles aprenderam demais, ou eles se machucaram demais."
a partir do momento que se entende a solidão, vive-se melhor. não pelo sentido egoísta, mas pelo sentido verdadeiro. se para dividir alegrias já tem sido dificil, imagina para compartilhar segredos, revelar tristezas. dividida, entristecida, magoada. antes sofrer milhares de dores de amor, que essa.
hoje eu entendi o que é perder tudo. nada mais duro que entender vivendo. eu não sei o que faz as pessoas viverem, mas tantas coisas faz com que elas desistam.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

eu preciso chorar tudo que preciso for. pra depois não precisar lembrar de nada. preciso que aquilo que molha, seque. e aquilo abraça, seja amputado.

um pedaço de não-vida na vida.

quando a gente começa um relacionamento, não é com a intenção que ele acabe ali, um pouco mais adiante. pra mim, amor é a construção de uma vida. é entender quantos defeitos e quantas qualidades aquela pessoa tem. é sobrepor as qualidades, mesmo entendendo cada um dos defeitos. é en-ten-der, não querer mudar. e é isso que é tão dificil pra mim. e, se o amor é a construção de uma pequena vida, tenho perdido vidas e abortado outras precocemente. e, sinceramente, tem me faltado vontade de ver nascer uma outra coisa, um outro amor, uma nova vida.
não é por preguiça e tão pouco por medo. é pela dor que um parto pode ser e quanto se devota de amor em uma vida pra vê-la morrer tão cedo. é pela falta de tato de saber cuidar do amor e matar a vida. é por razões que ainda não sei e nem acredito que vou saber um dia.
amor acaba independente do tanto de respeito que exista.
e respeito acaba mesmo existindo milhares de montes de amor.
então, por que acaba?
se existe amor, ele deveria ser maior que tudo. se sobrepor a dezenas de coisas. ou, façamos assim, ele nem deveria existir. o que não existe, não existe e pronto. não há dor, parto ou aborto.
penso e repenso o que faz dar errado e minhas conclusões nunca me trazem respostas adequadas ou convenientes. por isso a pergunta que me faço sempre é, se somos aquilo que pensamos ser ou se somos aquilo que outros enxergam na gente. há uma visão míope aqui. se sou o que penso que sou, me conheço e finito. se sou o que pensam que sou, o outro me reconhece mais que eu mesma e daí ultrapassar a linha raza de quem eu sou é impossível.
imagino também que há pessoas que se entendem e compartilham quem são mais facilmente que outras. portanto, se comigo não deu, certamente com outra dará. ou não.
confusões à parte, a máxima deveria ser "viva". o problema é quantas vidas perdemos com essas vidas que morrem?
me dê seu melhor sorriso
sua melhor piada sem graça
seu melhor jeitinho de ficar próximo de mim.
me dê a plenitude de ser quem sou
sem amarras
sem nada
sem você
sem mim
sem nós

domingo, 14 de novembro de 2010

não tenho escrito pra ninguém ou pra coisa alguma. tenho escrito e ponto. e é estranho entender isso. ou desentender. refazer o desfeito. desfazer o inexistente. inventar o velho. empacotar o novo. a escrita tem sido minha dona e eu dona dela. ou não. não me lembro de ter escrito isso ali debaixo. quem será que eu era no instante que deixei de me ser?
já imaginou que talvez a gente se viu pra, de repente, nunca mais se ver? minhas leituras me trazem à tona coisas que eu não quero nem pensar. que seja doce, se assim desejo. que seja eterno, como assim tem sido. te amo.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

a ansiedade comeu minha gastrite.
=)
feliz, outra etapa.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

hoje foi o início do começo de uma grande mudança.
aponta pro objetivo e rema.
plena.
tudo que eu menos preciso agora, é de gente falando o que eu não faço a mínima questão de ouvir.
hoje, inclusive, foi O dia! e é só o começo.
fé.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

então...

daí que eu penso assim, se a diferença de idade de fato existe, e isso é uma verdade imutável, apesar do tempo ser relativo, é porque alguma distância separa. não que os 36 anos que me diferenciam da minha mãe tenha dado mais "leitura" à ela, mas mais experiência com certeza. e deve haver algum conhecimento inconsciente, uma força do acaso que me faça tomar decisões intuitivas - que provavelmente me farão tropeçar, mas que sejam baseadas em conhecimentos anteriores ao meu nascimento, talvez na absorção do que minha tomou para si no momento em que estava grávida de mim. não sei. ou talvez já tivesse a plenitude de saber o que eu queria, sempre inconscientemente, quando pequena. tanto é que, irmãos criados pelos mesmos pais, nas mesmas escolas, comendo as mesmas coisas, não são iguais, não pensam parecido e nem sequer têm os mesmos padrões de comportamento, mesmo sendo educados para dizer "obrigado, por favor, desculpa, etc". vide o meu caso. mas o fato de me sentir no livro ken kesey (incluindo a prisão manicomial que uma vida pode se tornar) não vem ao caso.

talvez nem o que eu tenho pensado venha ao caso. quem sabe sim? mas o que me choca é a reconfiguração quase automática das pessoas em relação à outras. quem me conhece de verdade é quem convive comigo sempre? é quem conviveu comigo e me viu entender um pouquinho melhor o mundo? é quem me conhece agora? é quem sabe dos meus medos? são meus amigos ou são os namorados? são que tipo de amigos ou são que tipo de namorados? eu sou eu onde? ou sou várias?

sei que o discurso do "eu te conheço..." não existe. e ponto. no fundo, quem sabe de nós, somos nós mesmos. fotos mentem, ainda mais na velocidade instântanea das redes sociais, frases mentem e até mesmo sentimentos são mentirosos. é só deitado na cama ou enconstado no chão frio do banheiro que dá pra sentir quem nós somos, fomos e queremos ser. e é isso que leva tanto tempo pra entender.

36 faz diferença? sim. assim como 2 ou 4. é só analisar. daqui 4 anos, como vou ser? olhe pra mim, se de forma alguma não quer ser como eu, é porque na sua idade eu já quis não ser igual a alguém 4 anos mais velho. ou parta pra outro entendimento, exemplo ou visão. ou ainda não faça nada. viva. sofre mais quem pensa muito e vive melhor quem ignora o outro.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

gosto da escrita pelo simples motivo de, primeiro, quando leio, imaginar e refletir sobre aquilo e, segundo, quando escrevo, realizar o que a vida não me permite ou o que eu nego para mim. gosto do fato de inventar. de dar voz aos meus fantasmas. de não sofrer ou de, simplesmente, transferir o sofrimento. e transferir também a plenitude que tenho sentido, apesar de não me expressar com gostaria ou de escrever exatamente o que penso.

então, que seja doce e que não doa.
zóio de jabuticaba casam perfeitamente com olhos de mel.
yo creo en eso.

domingo, 7 de novembro de 2010

teus olhos de mar serão felizes ao encontrar o meu na orla do sol estendido em silêncio.
e verei,
ah! verei como é doce...
como somos, enfim, nós.

nosso pedaço guardado de saudade
e nosso pedaço guardado de amor
nossa fuligem resguardada em carros antigos
nossos pedaços de rancheras não dançados
de tequilas mal tomadas
de amores (fingidos) mal vividos

haverá a estranheza, supostamente
e haverá o conhecimento de saber
que tu sempre foi meu
e eu sempre te pertenci,
amor.

sábado, 6 de novembro de 2010

que seja doce. =)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

tem gente que procurar te ferir de todas, to-das, as maneiras. mas eu desejo em dobro o que me desejam e fico com dó. odeio esse sentimento, rechaço ele o quanto posso, mas tem hora que não dá. a pessoa não te amar, vá lá, mas a pessoa não se aguentar, não querer se conhecer. isso é se auto-desprezar demais, isso é negar o autoconhecimento. precisa tanto se esconder atrás de outro? precisa mesmo? rechaço, desprezo e impugno quem não consegue, ao menos, tentar enteder a si mesmo.
"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"

te amo, saudade.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

fico feliz que você não tenha metade dos problemas mentais que eu tenho e que não sofra das angústias que eu vivo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

"só depois de te matar, eu pude fugir para sempre de você, de mim, que eu não consigo esquecer, por mais histórias que invente" caio fernando abreu.
estamos tão perto e te ouço tão longe.
a chateação vem da descrença...
me angustia o simples fato da possibilidade de me esbarrar em você.
por isso,
vou embora.

sigo vivendo
escrevendo
tomando injeções erradas
trocando pomadas
trocando doenças
arranjando problemas
lendo
ou não lendo
comprando dezenas de revista
fazendo uma centelha de besteiras

e você?
me diz...
está bem quando está bem.
e está mal quando está mal, pra você?
então é isso?

ele me disse, "ven por ti, no por mi o por nadie"
é isso...
por mim
sem egoísmos
compromissos
descrenças...

por mim.
já disse pra eu falar pra mim que asssim, desse jeitim, não dá.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

- vê aquela onda lá?

...

- é lá pra onde ela bate que eu vou.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

daí que o médico falou a respeito do meu pé doente:

"daí essa pomada, pede pro marido, noivo, namorado, pai ou irmão passar"

tá.

eu não tenho marido
não tenho noivo
não tenho namorado
meu pai não está aqui perto
meu irmão menos.


que bom que tenho mãos.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

nada muda se você não mudar. é clichê e babaca, mas é a verdade. transformei esse blog aqui num projeto de suicídio. não, não que eu fosse me matar. apesar de ser altamente depressiva algumas vezes (e principalmente na escrita) não faria isso. quero mais é viver. e sofrer algumas vezes. mas pronto. chega. preciso ser resoluta. preciso apontar pra fé e remar, domá-la. tanto é que nunca fiz disso aqui um diário idiota e, ele acabou virando. pronto isa maria! novo capítulo.

tem gente que, pra subir, precisou descer e muito. estou muito feliz com a mudança alheia. um amigo foi no fundo do poço e voltou. e voltou firme e voltou bem e voltou feliz e voltou morando num lugar lindo. é nele que me inspira a mudança. fé eu tenho e ela é em mim. não em um deus, um santo que quebra, uma cruz de madeira. existe algo maior. existem amigos. existe a realidade que machuca, que fere os olhos, que dói pra caralho mesmo. to engolindo as lágrimas. e não é por você, nem por quem me ama de verdade. é por mim. e já que eu sou tida como egoísta e individualista, vou continuar sendo. alguém tem que me amar e não adianta amor nenhum no mundo se não tiver o meu próprio.

fim. não quero um novo capítulo, quero um novo livro. e dessa vez ninguém vai jogá-lo em telhado algum.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

cara, o dono do buteco quis me agradar e acabou comigo:

"nossa, que péssima troca seu namorado fez"

e aí, choro ou rio?


um rio de choro.
" to morando numa cidade que é a sua cara"

é?

"sempre lembro de vc, imagino vc morando aqui"

hum.
tem sonhos que não são pra gente.

- moço, me vê uma empada, então?
estar sozinha é a melhor maneira de pensar em como não estar mais no mundo.



























e eu sei, quem se mata não anuncia. mas ainda não é uma morte.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

- você vê?

- acho que senti

- onde estávamos quando nos perdemos?

- quando nos encontramos?

- você vê?

- eu sinto, amor

- você mente, coração

- você não vê, não é?

- eu não vejo, já disse que sinto.

- eu queria ser assim.

- você é mais que isso.

- sabe o que é acordar e de repente ser da conta que as folhas no chão são como os sentimentos? existe uma fonte, que é a árvore, que floresce, dá frutos, dá galhos, dá bichos. Mas mesmo com essa vida toda em volta dela, aquela folha, uma vez caída no chão nunca mais volta a ser o que era antes. De verde, fica marrom, até desaparecer. A chuva ajuda a derreter, a destruir, até desaparecer. Me sinto folha.

- me sinto chuva.

se puder, sem medo

Deixa em cima desta mesa a foto que eu gostava
Pr'eu pensar que o teu sorriso envelheceu comigo
Deixa eu ter a tua mão mais uma vez na minha
Pra que eu fotografe assim meu verdadeiro abrigo
Deixa a luz do quarto acesa a porta entreaberta
O lençol amarrotado mesmo que vazio
Deixa a toalha na mesa e a comida pronta
Só na minha voz não mexa eu mesmo silencio
Deixa o coração falar o que eu calei um dia
Deixa a casa sem barulho achando que ainda é cedo
Deixa o nosso amor morrer sem graça e sem poesia
Deixa tudo como está e se puder, sem medo
Deixa tudo que lembrar eu finjo que esqueço
Deixa e quando não voltar eu finjo que não importa
Deixa eu ver se me recordo uma frase de efeito
Pra dizer te vendo ir fechando atrás da porta
Deixa o que não for urgente que eu ainda preciso
Deixa o meu olhar doente pousado na mesa
Deixa ali teu endereço qualquer coisa aviso
Deixa o que fingiu levar mas deixou de surpresa
Deixa eu chorar como nunca fui capaz contigo
Deixa eu enfrentar a insônia como gente grande
Deixa ao menos uma vez eu fingir que consigo
Se o adeus demora a dor no coração se expande
Deixa o disco na vitrola pr'eu pensar que é festa
Deixa a gaveta trancada pr'eu não ver tua ausência
Deixa a minha insanidade é tudo que me resta
Deixa eu por à prova toda minha resistência
Deixa eu confessar meu medo do claro e do escuro
Deixa eu contar que era farsa minha voz tranqüila
Deixa pendurada a calça de brim desbotado
Que como esse nosso amor ao menor vento oscila
Deixa eu sonhar que você não tem nenhuma pressa
Deixa um último recado na casa vizinha
Deixa de sofisma e vamos ao que interessa
Deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava


(oswaldo montenegro)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

queria uma razão, uma que fosse, pra seguir. e sem tocar na palavra amor, deus, felicidade, superação.













obrigada.
desabafo: não aguento mais.

eu só queria compor uma canção para homens trôpegos que passam pela rua mexendo com pessoas sãs.

queria cantar o que eu vejo e me falta palavras pra definir.

queria indefinir.

queria o sorriso manso da manhã e fingir pra sempre que eu sou feliz,

pra sempre.

queria o poço, pra nadar nele como abelhas alvoroçadas nas flores de setembro.

queria aquele soneto em mim e o poema de mim em você.

queria me transformar em poesia: essência.


e só.


então, às vezes (ou sempre, ou quase sempre, ou sempre sempre) o ser humano é assim: ele te pede um favor, te implora um favor, te faz promessas pelo favor, ou nem te faz promessas. você faz. depois é sua vez. e parece uma ligação perdida... do outro lado silêncio, negação, rejeição.

ok.
transformei isso aqui na consciência furada.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

então, como é que é?
a gente finge que não sofre ou a gente sofre fingindo que não sofre?
não sei o que é pior...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

é preciso aprender.

é preciso aprender a estar sozinho. é preciso aprender a se (re)conhecer. a entender quem é você, o que te faz abrir os olhos todas as manhãs com a vontade de contar 60 dias em um e lembrar que dia se conta um por um. é preciso saber contar. saber que é o tempo o senhor de tudo e que deus existe nas pequenas coisas. na verdade, quanto a deus tenho sérias restrições ainda. será que deus é um delírio? ainda não sou tão richard dawkins assim.
é preciso aprender a conviver com seus fracassos, é preciso arranjar clichês para se estar, haja vista que são os clichês que movimentam os sentimentos. é preciso caminhar sem saber onde se está indo. aprender a olhar o passado. aprender a reaprender e repensar os pensamentos. é preciso abraçar, sorrir com o fígado, é preciso precisar e também é preciso não precisar de forma alguma. é preciso engordar e fazer disso uma parte pequena da sua vida. é preciso aprender a estar sozinho: ser sua própria esfinge, decifrar-se, devorar-te. antes de mais nada, é preciso aprender. é preciso fotografar. ah! como é preciso fotografar: olhar, escolher, disparar, analisar, escurecer ou clarear, eternizar. é isso, sou passageira de um mundo que pouco eterniza e eu quero eternizar.

ninguém disse que seria fácil, ninguém.
vai doer, mas vai passar.
devagar o tempo transforma tudo, inclusive o tempo.

sábado, 9 de outubro de 2010

vai doer, mas vai passar.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

ah! as mentiras que os homens contam em nome do amor...
vou esperar a chuva passar do lado de fora.
e recolher os sentimentos estendidos no varal
para secarem do lado de dentro.

sentimentos secos
chuva em mim

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

já que você passa aqui sempre, eu pergunto:
se não é amor o mais importante, então o que é?

depois, do meu histórico familiar e toda minha carga depressiva e depreciativa comigo mesma, além do meu vitimismo tão corriqueiro, gostaria de saber se ainda é possível acreditar quando alguém fala "eu te amo".

há tristeza e há de monte.


mas vai passar.
há de passar verões sem sóis
e tanto quanto isso
vai passar.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

casa de bonecas

a minha casa não é mais a casa de bonecas da infância.
não pego cada pessoa com as mãos e invento estórias e personagens.
não subo escadas
não tomo chás de mentirinha
nem abro a cristaleira rosa fingindo pegar uma taça de vinho ou de champanhe, nas raras ocasiões especiais.
não tenho se quer cristaleira e mesmo que a tivesse certamente o rosa teria ficado no passado em que meninos tinham sempre que levar refrigerante e meninas salgadinhos.
não, não defino minha vida entre rosa e azul. às vezes simplesmente nem há cores.
não troco a roupa das minhas bonecas, digo, personagens, como se fosse a coisa mais importante do dia
nem refaço diariamente a cena de beijos e amor dramatúrgico que um suposto Ken tinha com uma Barbie tão fora de qualquer padrão corporal existente.
não há mais amor no meu passado e nem cenas picantes de amor no meu presente.
aliás, que tipo de amor uma criança empunhando bonecas de plástico fingia existir?
que amor seria esse de dormir junto em caminhas de madeira tão bem talhadas?
a minha casa era maravilhosamente linda, tenho que dizer.
feita rigorosamente a meu gosto e vistoriada madeira à madeira pelo meu pai.
ele, inclusive, se enciumava quando em meu lugar entrava alguma prima distante querendo mudar a estória de vida dos meus personagens - para elas tanto fazia quem era o casal, de repente, haviam trocas que eu nunca imaginaria em sã consciência. não! meu pai tinha razão: na minha estória ninguém podia mexer. era minha e ponto.
porém, tive que fingir aprender a lidar com pessoas e deixar as bonecas
confesso, não por não poder pegar as pessoas e inventar falas, abraços, beijos, sonos profundos e divididos, mas sim por não poder simplesmente trocar uma roupinha qualquer.
viver é mais complexo e mais duradouro, por mais que as minhas bonecas estejam todas em alguma estante do meu passado, viver é tão duro quanto ver a casinha de madeira ter sido transformada em um depósito imenso de tralhas sem serventia alguma.
não tenho desejos de manipular, não tenho desejos de moldar, mas confesso, tenho desejo de ser abraçada por quem desejo que me abrace. e não posso.
acho que uma prima distante revirou minha história: eu, uma boneca deformada pelo tempo, perdi espaço para uma nova sensação da estrela, mais nova, com a bunda mais empinada, a cabeça menos atordoada, a simplicidade mais aflorada - um super lançamento.
e entendo.
mas entender de forma alguma significa sofrer menos.
a minha casinha virou pó. e até para o pó há solução: com um pano molhado vai embora e, se volta, nada como a boa insistência do pano. alterne, panos secos e molhados e sempre terá a poeira indo embora. (mas de algum modo ela volta, não é?)
não sei que tipo de amor era aquele entre o casal de bonecos. não consigo lembrar de onde vinha um amor tão dilacerante, tão fortemente bonito, tão veementemente abraçável. tão carinhosamente amado. era amor. era simplesmente amor. ou não era.
gostaria de subir escadas
de tomar chás de mentirinha
de, só por hoje, abrir a cristaleira para tomar champanhe
e depois, bem depois, de comemorar um amor de seres tão pequenos como bonecos de forma tão grande como eu, criança, imaginava.
só por hoje queria me reduzir para caber na caminha de madeira tão bem talhada. só por hoje queria ficar pequena para amar grande.
e saber que mesmo sendo uma boneca deformada pelo tempo que ele, meu boneco de plástico, me amasse dessa mesma forma. que não visse em mim um poço do que tenho sido, mas um monte de coisas que já fui e que continuo querendo ser: hoje, simplesmente me abrace e me minimize para eu crescer.

café, acabou o amor.

meu quarto é o retrato da minha vida: uma bagunça.
pelo chão, ao invés de passos é possível ver claramente livros, cadernos rabiscados com poemas que nunca serão publicados, latas de cerveja de várias marcas, anéis apertados para dedos gordos, um pouco de sangue misturado com certezas mentirosas.

no ar, fica a dúvida inevitável: a fumaça dos velhos vícios, a fumaça daquilo que pede socorro sem pedir. seria isso? seria?

para quem me lê diariamente e pensa que pensa como eu penso, aliás, que pensa que sabe como eu penso, eu digo: é fato, é verdade. mas até que ponto algo muda para ficar exatamente como está? e até que ponto algo muda para piorar o que já estava ruim? até que ponto algo que havia mudado volta a mudar para entristecer?

a semana tem sido pesada e as notícias que me chegam mais duras ainda.

então, por favor, volte com a certeza que ficará e me deixe afundar com a certeza da incerteza.

sim, existe amor. mas será que eu vou ter que dizer: café, acabou o amor?

domingo, 26 de setembro de 2010

cada vez mais concordo que a felicidade só é verdadeira se compartilhada. Chris tinha razão.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

do tempo sem chuva

pensando em ódio mútuo nenhum lembrou-se que ainda podia restar o amor mútuo.
e restou
o quarto soprando o vento quente teve sabor de saudade
e deixei que soprasse
não pelos mesmos gostos
nem pelos mesmos cheiros
o vento trazia aquilo que vento traz:
alívio de pronto
calor depois que se vai

o que havia mudado depois que o vento deixara de soprar?
o que havia transformado depois que o vento deixara de existir?

o tempo mudou

depois do tempo, veio a chuva
a chuva era tão rara que nem fazia parte do tempo

chover significava parar o tempo
dar significado a vida, isso era a chuva
e depois que a chuva veio, logo se avechou e foi embora

sem tempo chuva não queria ficar
sem vento tempo não queria passar

pela janela percebi que ventava no tempo da chuva.

milagres são coisas que
acontecem com as chuvas

e chegam com o tempo.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

hoje confesso que a saudade que não deveria sentir está me pegando de jeito.

é dolorido.

pois que seja assim mesmo.

da culpa nossa, restou a culpa minha. a culpa de sentir saudade.

e já que é culpa, que doa bastante doído.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

é tudo uma questão

queria acreditar no acreditável, mas nem nisso as minhas crendices tem deixado que eu acredite. o que me espanta não são os outros, sou eu mesma.não é o que fazem de mim, é o que eu sou e o que refaço dos outros.
o popular me soa tão raro, assim como as coisas que eu deveria estar acostumada ainda me espantam. e gosto disso. gosto do espanto, como gosto de meu "autistar" do mundo para perceber que o vento empurra a folha que o vento já havia derrubado no chão. percebo a folha, reolho o chão, refaço o sentimento me empurrando com o vento. não me movo. ou movo. é tudo questão de lugar. estava exatamente ali quando nos conhecemos - e não, não ache que é você - eu estava exatamente naquele lugar, que pode ser qualquer lugar, quando nos conhecemos. é tudo sempre igual. o lugar, o(re)conhecimento, as promessas, a vida, o mar, o céu, as flores...ah! - amor, acabou o café ou - café, acabou o amor? o que fica quando se vai? o chão fica, assim como as folhas se renovam e caem ou não caem, é tudo uma questão de estação.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

paz

Braços urgentes dos teus
Olhos salgados de mar
O breu tão claro em mim
A paz de respirar.

me entardeço.

Fita-me
Arranca-me
Jogando depois
Na vala comum

Em que país me apareceu?
Com sua língua estranha
Com seu idioma nocivo
Com seu vício de vida

Seu olhar me come
Meu olhar te mata

Te escuto,
não me fita

Te escureço,
e me entardeço,enfim.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

meu medo me maltrata, fazendo vítima fácil das próprias armadilhas que me prego. meu medo me rasga. me chuta. me exorciza. me credita títulos que não tenho. me apunhala. me sacrifica. me faz mártir. me arrasa. meu medo me ama. e amo meu medo. meumedo. edo, meu. nosso. teu. mal... trata. bem... faça. medo. chato. cedo, cedo. ardo. fodo faço de mim meu medo e meu medo faz de mim seu tudo. faça. desfaça. refaça. medo. odem. odem. medo, edo. meu. nosso. teu. mal...trata. bem, faça, faça de mim, teu, seu, nosso. meu.

meu


meu.
o sol que sai sábio sob mim
soletra salivas
sabendo-se  rei

soluça
sabor
sem sentido nenhum

solfeja amor
rimando com o fim

o sol sabe de si
tanto quanto lá faz
do ré um dó tão grande de mim

rasteiro
restou
resquicíos
roídos

rasteiro
rumou
errante
enfim

sábado, 28 de agosto de 2010

o escuro.

- é que passou tão rápido, não acha?

- não sei, não vi quando chegou. você viu?

- senti, senti que chegou.

- quando nos perdemos um do outro?

- talvez nunca estivemos um com o outro...

- você viu o último capítulo da novela?

- ... talvez nunca

- finais felizes não me interessam

- lembra quando subimos no morro pra ver o pôr-do-sol?

- não consigo me lembrar o que de nós se perdeu no tempo...

- foi o tempo que se perdeu em nós. é como se tivéssemos subido pra ver o sol de mãos dadas e, quando o tempo escureceu, nossas mãos se perderam...

- é, foi no escuro que tudo se perdeu, inclusive nossas mãos.

- é, inclusive.

sábado, 14 de agosto de 2010

a gente vive preenchendo a vida de vazios.

procurando nas pessoas preenchimentos que não existem

e tendo frustrações que não condizem.

mesmo se eu me condenasse a não me frustar

faria isso com mais afinco ainda.


chega, Isa.

chega.

Garcez

Menino cantor
Desafogador de profundezas
Tristezas
Quem sabe, o fim
Vendedor de sonhos

No canto fechado te escuto
Suspiro saudade
Vendendo a mim

Quantos maracujás
Formam a palavra distância?

Quanto de ti a mim pertencem?
Quanto de nós no mundo fica?

Cedo, cedo
Sonho sei

E te guardo nas canções
Que você não fez pra mim

Fim.

(dedicado ao Kleuber Garcez, vendedor de sonhos e um dos melhores compositores que conheço)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

olho-tempo

a gente entra no corredor da morte todo dia:
o primeiro é o de casa até o ônibus.
no ônibus, espremidos feito vacas de olhos esbugalhados e intensos, cheios de medo da morte, chegamos ao corredor do trabalho.
a morte vem aos poucos. e vem todos os dias, não falha.
tal qual uma pistola pneumática - a morte entra e sai, sem deixar marcas e ruídos. entontece, mas deixa que nos reviremos de cabeça para baixo. deixa que o mundo todo seja um corredor espremido e exprimindo.
nos tiram a pele
arrancam os ossos
nos dividem - para nos comer
jogam fora nossos dentes
reutilizam nossos cabelos

o mundo é um corredor
e o olhar do mundo é o olhar da vaca - é o tempo.
o tempo é o olhar do mundo.
a vaca é o olhar da morte.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

sou pedra
que não sente
mas rola

que caça jeito
nos buracos

que afunda
e flutua na retidão imensa
do chão.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

enquanto havia você do outro lado
que lado era eu?
era eu um lado?
era?

seu lado
na cama revirada
virada?
a vida?

vamos soletrar saudade
conjugando ausência

vamos conjugar saudade
preteriando presença

vamos,
vem
venha
vem eu
vem eu
sem tu
sem tu

vamos conjugar certeza
vamos conjugar
desconjurar
des
desmentir
mentir

joguei na saudade
ganhei pretérito mais que perfeito
perfeito
perfeito

você.

domingo, 8 de agosto de 2010

o passado fere e dói como uma cicatriz, que cura e dói
intermitente
no aconchego da manhã pulgente
na solidão do presente
na ferida do ausente

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

é a mesma canção de sempre

sim, sofro
susurro em silêncio a minha tristeza
afogo os livros
tocando o piano lentamente

a mesma canção de sempre
é a mesma canção de sempre
é a mesma
sempre
é a mesma de sempre
canção
canção
canção
cansam.

domingo, 1 de agosto de 2010

me despiu com os olhos
sem mesmo nem me olhar
e me cuspiu a verdade musicada
em dó maior

sem dó de mim

me havia pensado sem saber?

espinhos

agosto passou por nós sem que me desse conta e, no fim das contas, passou a vida sem que eu notasse o fim.
um nós torto transformado em sim
e tanto sim gasto transformado em não.
se aconteceu
o que aconteceu?

acontece que acontece
tanto quanto janeiro é sempre
começo do fim

talvez seja o fim do começo.
e setembro venha antes de abril

não sei se nasce flores de lá
mas aqui tem nascido espinhos

só espinhos.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

a gente percebe que o tempo passou, quando a gente não passou com o tempo.
ou percebe, talvez, que o tempo passou quando os outros mudaram, e você não.
é, na verdade, são duas moedas com o mesmo lado.
e são milhões de sentimentos pra uma moeda só.
ver todos passando dá uma aflição tal qual entender que a gente se esvai tão antes do que os que estão do nosso lado gostariam. ou que a gente vai querendo ter ido era há muito, muito tempo.
não sei.
tenho pensado tanto no tempo que não tenho ouvido seu barulho.
ou tenho, ele dá sinal
seja nos fios trocando de cores
ou
nas cores trocando de vida
ficando cinzas - o que era preto
ou ficando amarelas - o que era branco.

não sei o que pesa mais
é a mudança não te acontecer
ou você não ter vontade que ela aconteça

quinta-feira, 8 de julho de 2010

às vezes a impressão é que eu parei junto com o tempo e, por mais que ele nunca pare, há algo que para com ele. e esse alguém sou eu.

o tempo na falta dele
a falta no tempo dele...

empurrando com a barriga
voando sem pensamento.

domingo, 20 de junho de 2010

andei pintando o tempo com as mãos
andei folheando o passado com os dedos
e pensando no barulho do tempo

os sinos
o tic-tac
o choro do dente caído

vê?
todos fazem barulho
todos cospem a vida passando

sábado, 19 de junho de 2010

não é pelo simples fato de parecer que os bons morrem jovens. não, não é isso. é por simplesmente parecer que os ruins permanecem por aqui durante séculos, milênios, mundos, antes ou depois de Cristo.

me cansam. as pessoas me cansam. pouca idade, muita idade, teorias idiotas, palavras não entendiveis que só deveriam ser proferidas pro seu próprio ego, como dizendo pra ele assim: "viu, como sou inteligente? viu como absorvo inteiramente (ou até mesmo aquém) do que aprendo?".

teorias são ótimas. principalmente aquelas maquinadas em meio há gargalhadas, sorvetes, cervejas, abraços, carinhos, choros, caminhadas até chegar, finalmente, a cachoeira, reuniãozinha de afins num gramado lindo e carregado de alegrias dominicais. teorias são ótimas quando de fato são recolhidas as devidas proporções de humildade para formá-las.

não me cansam os cachorros loucos por carinhos, nem os gatos que reviram o lixo. eles me dão raiva, se muito. o que cansa são os desprezos, as faltas de tato, as pseudoautonomiasfakes e, principalmente, volto a repetir, a falta de humildade descomunal.

e, quando sobrar humildade e faltar burrice, de repente as pessoas parem para pensar como é vazio escutar uma música que não diz nada com uma cabeça que pensa menos ainda.

mesmo com 87 anos os bons morrem jovens e mesmo com 18 tem muita gente precisando morrer.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

para brincar com o outro, sê, antes de tudo, brincante da sua própria vida.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

coisas miúdas

gosto das coisas miúdas da vida
de ouvir o barulho que faz o vento nas folhas secas do chão
de pisar nas folhas secas
e de sentir o chão

gosto da pequenez do ínfimo
de ser redundante na minha insignificância
perto de outras coisas tão infinitamente maiores

gosto de tocar o intocável
de me aproximar de coisas que não existem
de me amiudar cada vez que sofro
e me tornar menor ainda cada vez que penso

me encaixo na solidão
porque sei que não fui feita pra multidões
não sei tocar o outro
sentir o outro
pensar no outro
amar o outro

me amiúdo mais e mais
cada vez que penso na pequena grandiosidade que seria
se pudesse
tocar
sentir
pensar
e amar

mas não posso
minhas pequenas noções de felicidade
são quando me encontro cercada por pequenas multidões:
os meus
os próximos

entendo isso
entendo que as noções de felicidade são compartilhadas
mas a minha pequenez é tanta que amasso e quebro sentimentos
como as folhas secas no chão

posso tocar as folhas
mas não tenho tato para tocar um coração.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

eu tenho saudade de sentar no banquinho e conversar com você.
é, eu tenho saudade de viver.

terça-feira, 8 de junho de 2010

uma cabeça que eoca por aí

me quedaram dois ambientes no mundo em que posso frequentar.
não, não. não no mundo que eu posso frequentar - como se houvesse mundos em que eu não pudesse frequentar, entende? mas nesse mundo me sobraram dois lugares nos quais posso ir.

um, é meu quarto.
o outro, a minha alma.

a ausência de fluidez, o colorido das letras, os rabiscos do tempo, os cheiros doces e azedos. este é o meu quarto. tudo o que resta, é minha alma.

o intangível, o frágil, o tempo, as letras, as cores, os doces e, até os amargos, também estão na alma. note, aqui, coisas se repetem e nada se reprime.

me pego dentro do quarto da alma e percebo que são inseparáveis.

a loucura, pergunto, é do quarto ou da alma? ou é um quarto da alma?

as cores, me pergunto, são dos meus olhos que veem ou dos olhos dos outros que sentem? eu sinto?

repito, eu sinto?

hoje, pra essa pergunta, o quarto parece estar vazio.

e percebo que a voz ecoa.

sem fluidez, sem cores, sem cheiros, sem tempos e nem rabiscos o quarto está vazio e sem respota.

o quarto, percebo, é a cabeça.

e arre, como é difícil ter uma cabeça que ecoa por aí.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

a minha cabeça implora pela não existência.
a minha existência implora por outra cabeça.
dentro de mim tenho tanto nada que se torna tanto tantos que o frágil se torna forte, e o forte se desmancha no ar.

me dá pena de mim mesma.
da minha pequenez
da minha falta de tato

quinta-feira, 13 de maio de 2010

tenho pensado no tempo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

a solidão arrebata tudo, todos.
é como cheirar uma flor sem ter olfato.

ou abraçar quem já morreu.

acalma, mas é tão falso, tão enganoso.

tão triste, que dói ainda mais.

terça-feira, 4 de maio de 2010

entre noites estranhas e guerras internas tem sido um saco me aguentar.

sábado, 1 de maio de 2010

por que não nos ensinam a morrer?

pisar no mesmo chão
sujar de terra a mesma saudade
beliscar a ausência
chorar compulsivamente a presença

derreter em risos.

abafar uma solidão com o grito
escancarar de silêncio uma paixão.

nadar num rio de livros
balançar numa árvore de borboletas
voar fora da asa (como dira ele, o poeta)

usar figuras de linguagens
onomatopeiar quando preciso
navegar em outra dimensão assim que necessário

botar fim, no fim
e só então começar, de verdade, um começo

para onde vamos?
por que não nos ensinam a morrer?
por que, simplesmente, não nos ensinam a entender que, se termina um fim
é só porque começa de verdade um começo

e até que entendamos isso, de que começo e fim não são, necessariamente, parte da mesma história, dói.

e como dói.



(Dyolen, vá em paz)