sábado, 31 de outubro de 2009

por pura incompetência venho sendo há 25 anos tudo que nunca quis.

parabéns.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A porta...
abra - entre - fique - abrace-ME - retire-SE - esvaia-SE

ame

esqueça

ame

condene

           odeie-ME
me faça

tua

afasta-SE
cala-TE

e feche a porta ao sair

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ainda que a dor, presença insuportável da vida
Tenha de mim feito
Mulher que leva despedidas
Sei

Ainda que tu não
          que não me sintas
          que não me entendas
que
       simplesmente
não me queiras

Sigo

É preciso
Ainda que me pises
E que me cales
E que teu orvalho me seque
E não escutes meus gritos
Esbaforidos no vácuo inócuo

A minha loucura tão pulsante
te persegue
te encontra
te mata cada vez que te embrenhas
no mato

Não
não é o fato
simples e puro

É a doçura
lânguida e cândida
O arrasto dos dias que senti
Que talvez eram poucos e raros
quiça puros e simples
Mas, que, sobretudo

Eram talvezes...
Frieda,

Sei que as coisas por aí com Diego não andam muito bem e não queria te molestar. Porém, sua força me faz querer te escrever. Sei que não me responderás. Sei também que não me conheces. Estranho, em minha cabeça surgiu lugares que já vivi, sus callecitas, sus personas. Minha cabeça dá voltas, Frieda. Queria, se pudesse, mandá-los calar a boca. Prefiro me calar do que ter discursos de mim. O próximo passo é falar que pretende salvar o mundo e o livro preferido é Le petit prince. Não, não. Amo o principezinho. Não é...

Frieda, não quero mais meus preconceitos. Nem os modos e medos pelos quais tenho passado. O que me falta? Ontem li sua carta, traições são perdoáveis? Todas? E por que não seriam? Vivemos nos traindo, engando aos outros, não é? Diego só foi o que é.. e ser o que é dói, mas em nós que nele. Será? O amor? Cada vez mais ahco que é apenas uma invenção.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

darwin

tenho inventado tantas mentiras que as verdades já nem acreditam mais em si mesmas. acordo com a ideia de que esse não deveria ser o dia que começa, se não aquele que já devia ter terminado. no meio do muro, os dois lados já me cansaram. sempre com confusões, retaliações, aparições, chateações, confissões...amores. as pessoas têm o simples dom de serem um saco. não entendo como podem estudar tanto ou não, mas ainda assim sofrerem, viverem, se amargurarem, sofrerem e... ainda assim, serem um saco. e elas estão em todos os cantos. no ônibus ao te empurrarem, no elevador ao colocar triplicadamente aquele perfume insuportavelmente forte, no seu coração ao deixar melancolias e em sua cabeça ao deixar frustrações.
15 minutos.
20.
10 anos.
quanto tempo estamos aqui mesmo errando?
darwin nunca usou a palavra e-vo-lu-ção e sim adaptação...

sim, nos adaptamos cada vez mais a errar.

domingo, 25 de outubro de 2009

percepções...

não tenho mais o que fazer. dói.
está corroendo. o vizinho com suas canções sofridas me machuca. você não ligar me machuca. e me ligar me machuca ainda mais. o ventilador não funcionar me enraivece. e dois ventiladores funcionando me fazem perguntar se deus existe e o que ele é. o doritos remexido me embrulha o estômago. raul tocando alto em outro vizinho e falando de casamento inútil me lembrou o som do vinil e minha infância. passou um carro, que carro será que seria amor? você adivinharia comigo? não, que pergunta inútil. rauuuuul? por que ainda tocas? cala a boca! a vida na cidade me enloqueceu. meus remédios já não fazem efeito, os delírios cotidianos de bukowski não mexem tanto comigo como os meus próprios...está tudo aberto, aquela ferida na moto de semana passada na perna esquerda está aí... exposta... tudo detalhadamente doído...e jogado.
os óculos
as chaves
a caneca com uma colher dentro
um par de brincos
dez reais
anna akhmátova
machado de assis
peru
austrália
natal
fortaleza
rio de janeiro
são paulo
... tantos lugares em uma só estante.
me dá medo.
já estive em todos? por que não me lembro? é melhor esquecer ou simplesmente guardar em uma caixa de pandora junto com a esperança?

o vizinho se calou.
aproveitarei o silêncio dele...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

águas

não me deu saudade de nada e nem de niguém. mirei pela janela azul as construções sendo levantadas, sinal da porra do progresso, rá... progresso, quero ele longe se junto vem o caos, o calor, o aperto.
não sei o que acontece, falta de sentimentos também traz felicidade.
não tenho saudade daquele passado fingido
daquelas sorrisos forçados forjados de amor
e passado, digo, muito passado mesmo
bem passado
lá longe
e talvez aqui perto
não quero beber novamente em fontes velhas
não as desprezo
porém
ainda que haja poucas
que conhecer novas águas
e que venha junto correntezas, com a certeza da calmaria do rio logo abaixo.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

já quis nascer pra passarinho
igual manoel
já quis vir da literatura suja
como o velho safado
e já quis não querer nada
como pessoa
mas sou eu
tão mim
que é rídiculo me apegar aos outros
pra fingir ser quem não sou
ou me esconder de quem não fui
sou
tanto quanto eles são
me escondo
tanto quanto eles não
acordo
tanto quanto eles sim
sim se afundam
se dormem
se afogam
se afundam
se
s
e

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

cegueira

Brinquei com a morte hoje
E ceguei-lhe os dois olhos
Depois disso
Dei pra ser feliz

Faltava cegueira à vida

sábado, 10 de outubro de 2009

mar

Naveguei em suas ondas
Passeie em seus navios
Descobri os mares em você

Fui fundo
Mergulhei
Afoguei pra aprender

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

sem raízes

o silêncio incrustou os dedos em minhas raízes como se não houvesse nada mais normal que não sair do lugar.

tentei escapar?

não, deixe-me ali por anos

até que, não aguentando mais, foram as raízes que me deixaram...