terça-feira, 12 de junho de 2012

voz

silêncio repousado,
deita em mim teus olhos fundos
tristes
e sábios

o peito aberto entre os lençóis estreitos
a cama pronta pra volta ao mundo

os pés tocam o chão gelado
e a noite pousa no meu ombro esquerdo

fica, te peço
deita, te chamo

cala.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

tijolos

o barulho e o frio intimidam meus pensamentos e pele. fechada em mim mesma minto para conseguir esquecer a vida. lido bem com a solidão e com a tristeza vívida que carrego comigo. são minhas partes, fazem meu todo. porém o som da chuva e as letras miúdas falando de esquecimento, de falta de memória, de portas deixadas abertas e luzes acesas me assustam. mesmo fazendo um esforço pra esquecer, lembrar ainda é o que mais machuca. na verdade, não sei o que dói mais. me confundo com as lembranças do que eu não vivi e algumas fotos soam tão minhas, como se lembrasse da composição e do barulho do click. onde mesmo eu vim parar? quem eu era, quem sou e quem fui? chuvas me remetem a todos os lugares que morei, como se elas falassem "volte". só que, voltar pra onde? vou deixando pra trás tudo que posso e espalhando pedaços meus nos outros. será que se voltar em cada um que deixei meu pedaço de loucura, de neurose, de amor, de doçura, de amargura, de azedume e, quem diria, de romantismo, eu volto a ser alguém que fui um dia? é fácil não me reconhecerem: meus pedaços caem aos montes. catá-los? não, prefiro reconstruí-los.