segunda-feira, 18 de junho de 2018

é um lapso
um risco bem fino no papel-manteiga
é e não é
está e não está comigo
me afasta
me sufoca
me abafa
me faz ser alguém que desconheço
e quando volto, é como se tivessem feito uma festa que varou a madrugada


e eu não participei, apesar de ter estado o tempo todo lá.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Memórias da Ásia I

Tenho tentado absorver tudo que vivi ao longo das últimas semanas na Ásia. Uma viagem sempre muda você. São tantos socos no estômago que ele volta a embrulhar só de lembrar. A dor, aliás, da doença já no final ainda machuca. Literalmente quase morri pra ter que ir renascendo aos poucos e respeitando meus limites. Respeitar meus limites: que exercício difícil esse. Aí percebo que o que venho fazendo desde sempre na minha vida é exatamente o contrário. Eu não respeito meus limites quando o corpo diz “não”, quando a mente diz “não”. Não me respeito quando não me ouço. Bobinha. Enfrentar a mim mesma nem sempre é um ato de revolução. Pelo contrário, é rebeldia adolescente pura e simples. Da Ásia, pra 2018 e pra vida inteira fica a lição: intuição não é algo arbitrário. Existe, deve ser vivida e sentida. Devia ter entendido há bastante tempo coisas sobre pessoas que teriam me valido a paz de espírito, aquela que a gente acha que o outro tira, mas no fundo é quando você deixa o outro agir em seu nome.

Que o nome, o cérebro e o corpo que me foram dados sirvam pra que cada dia eu só seja eu mesma.

Amém.