terça-feira, 15 de dezembro de 2009
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
bah
Eu, já sem entender desde o princípio do princípio, fui ficando cada vez mais tonta e bêbada de todas aquelas viagens dele. “Não dá mais? Não dá mesmo?”, perguntava indignada querendo saber o que diabos ele estava querendo dizer. Era cínica quando estava com raiva, e ficava pior ainda quando ela não passava de forma alguma.
Ele me bateu com as palavras, me jogou perto do vaso sujo, me fez lamentar viver.
E sabe o que mais?
Acordei.
Bukowski me saculejou no ônibus e acordei.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
as moscas não choram...
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
ladrões
o amor
o ar puro da fazenda da minha infância
aquela risada de porquinho que só eu mesma sabia dar quando ria "com o âmago", como eu mesma costumava dizer
a esperança
meus livros
a presença tão nítida de bukowski ali no canto
os passarinhos que costumavam ficar na goiabeira
minha garrafa de absinto preto 78% teor alcóolico
a minha vida
quando fui olhar o que tinha sobrado
não tinha sobrado nada
o espelho, aquele quebrado, eles também haviam levado
o que ficou? o que pude olhar? o que havia sobrado de mim?
o vidro da janela ainda refletia um pouco na luz do sol
e me vi
e... o que vi?
nada
não existia mais...
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
flor
Não disse palavra
Apenas nos entreolhamos
Parecíamos aborrecidas
Mas sinceramente sabíamos que não
Olhei os olhos pequenos profundamente
Um ensaio para o sorriso apareceu
E finalmente ela deixou que ele, o sorriso, desabrochasse
Não nos conhecíamos
Não nos havíamos tocado nenhuma vez
Nem visto o quanto éramos despretensiosamente flores
Chorei
Por quê?
A vista do parque era tão linda
A chuva que vinha ao longe tão calma
Nossas visões daquilo tudo tão díspares
Havia amor
E um pouco da minha solidão
E da sua alegria
Me senti viva
E acendi um cigarro
Foi como se flores brotassem...
domingo, 29 de novembro de 2009
baratas e flores
a minha
filete de pequenos pedaços, células desvairadas, borboletas no cabelo, pedaços caindo e caídos ao chão
não broto flores, Fedro
não sou a rosa
nem o clichê do espinho
sou
e me desconheço em mim
me reconheço nos outros
pequena em mim
catando as raízes que nunca serei
cheiro?
só da tristeza que insiste em reviver como baratas
mas quem disse que baratas não podem cheirar à rosas?
desde que saia uma bela borboleta amarela do meu cabelo,
tudo é possível Fedro
mesmo não sabendo quem é você
quem sou eu
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
a última valsa
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
.
achei no sebo "zen e a arte da manutenção de motocicletas". divino. fiz aquela janta. contei uma piada inútil. fui ao cinema. li. vi filmes. no resto os dias se arrastam. e no fim me sinto uma idiota de escrever um querido diário aos 25 anos.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
terça-feira, 3 de novembro de 2009
sábado, 31 de outubro de 2009
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Tenha de mim feito
Mulher que leva despedidas
Sei
Ainda que tu não
que não me sintas
que não me entendas
que
simplesmente
não me queiras
Sigo
É preciso
Ainda que me pises
E que me cales
E que teu orvalho me seque
E não escutes meus gritos
Esbaforidos no vácuo inócuo
A minha loucura tão pulsante
te persegue
te encontra
te mata cada vez que te embrenhas
no mato
Não
não é o fato
simples e puro
É a doçura
lânguida e cândida
O arrasto dos dias que senti
Que talvez eram poucos e raros
quiça puros e simples
Mas, que, sobretudo
Eram talvezes...
Sei que as coisas por aí com Diego não andam muito bem e não queria te molestar. Porém, sua força me faz querer te escrever. Sei que não me responderás. Sei também que não me conheces. Estranho, em minha cabeça surgiu lugares que já vivi, sus callecitas, sus personas. Minha cabeça dá voltas, Frieda. Queria, se pudesse, mandá-los calar a boca. Prefiro me calar do que ter discursos de mim. O próximo passo é falar que pretende salvar o mundo e o livro preferido é Le petit prince. Não, não. Amo o principezinho. Não é...
Frieda, não quero mais meus preconceitos. Nem os modos e medos pelos quais tenho passado. O que me falta? Ontem li sua carta, traições são perdoáveis? Todas? E por que não seriam? Vivemos nos traindo, engando aos outros, não é? Diego só foi o que é.. e ser o que é dói, mas em nós que nele. Será? O amor? Cada vez mais ahco que é apenas uma invenção.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
darwin
15 minutos.
20.
10 anos.
quanto tempo estamos aqui mesmo errando?
darwin nunca usou a palavra e-vo-lu-ção e sim adaptação...
sim, nos adaptamos cada vez mais a errar.
domingo, 25 de outubro de 2009
percepções...
está corroendo. o vizinho com suas canções sofridas me machuca. você não ligar me machuca. e me ligar me machuca ainda mais. o ventilador não funcionar me enraivece. e dois ventiladores funcionando me fazem perguntar se deus existe e o que ele é. o doritos remexido me embrulha o estômago. raul tocando alto em outro vizinho e falando de casamento inútil me lembrou o som do vinil e minha infância. passou um carro, que carro será que seria amor? você adivinharia comigo? não, que pergunta inútil. rauuuuul? por que ainda tocas? cala a boca! a vida na cidade me enloqueceu. meus remédios já não fazem efeito, os delírios cotidianos de bukowski não mexem tanto comigo como os meus próprios...está tudo aberto, aquela ferida na moto de semana passada na perna esquerda está aí... exposta... tudo detalhadamente doído...e jogado.
os óculos
as chaves
a caneca com uma colher dentro
um par de brincos
dez reais
anna akhmátova
machado de assis
peru
austrália
natal
fortaleza
rio de janeiro
são paulo
... tantos lugares em uma só estante.
me dá medo.
já estive em todos? por que não me lembro? é melhor esquecer ou simplesmente guardar em uma caixa de pandora junto com a esperança?
o vizinho se calou.
aproveitarei o silêncio dele...
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
águas
não sei o que acontece, falta de sentimentos também traz felicidade.
não tenho saudade daquele passado fingido
daquelas sorrisos forçados forjados de amor
e passado, digo, muito passado mesmo
bem passado
lá longe
e talvez aqui perto
não quero beber novamente em fontes velhas
não as desprezo
porém
ainda que haja poucas
que conhecer novas águas
e que venha junto correntezas, com a certeza da calmaria do rio logo abaixo.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
igual manoel
já quis vir da literatura suja
como o velho safado
e já quis não querer nada
como pessoa
mas sou eu
tão mim
que é rídiculo me apegar aos outros
pra fingir ser quem não sou
ou me esconder de quem não fui
sou
tanto quanto eles são
me escondo
tanto quanto eles não
acordo
tanto quanto eles sim
sim se afundam
se dormem
se afogam
se afundam
se
s
e
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
cegueira
E ceguei-lhe os dois olhos
Depois disso
Dei pra ser feliz
Faltava cegueira à vida
sábado, 10 de outubro de 2009
mar
Passeie em seus navios
Descobri os mares em você
Fui fundo
Mergulhei
Afoguei pra aprender
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
sem raízes
tentei escapar?
não, deixe-me ali por anos
até que, não aguentando mais, foram as raízes que me deixaram...
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
meu bukowski
me afastei das coisas que mais gosto por coisas que tenho que fazer
andei fazendo o que mandam
sendo quem não sou
sim, eu digo
as dores de cabeça ainda estão aí
bem como as contas no fim do mês
e os livros empoeirados
os seus estão lá
mas aquele rosa choque não te deixa empoeirar
aquela capa "leia-me" não me deixa te esquecer
volto
assim como voltarei sempre que me perder de você
senhor charles bukowski
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
tu
que hora sim e hora não vens a me buscar
que me reconhece no meu desreconhecimento
que tem de mim tudo
que leva de mim nada
tu
tudo
todos
nós
tu que faz as obsessões em forma de céu
que faz de árvores secas a paisagem mais bela
vês?
de árvores secas, mortas quiçá, a paisagem mais bela
sim, tu
ainda hei de conhecer-te
seja nas horas sim ou nas horas não
e aí sim
tu seremos nós
e nós veremos além...
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Quando até rir com os amigos perde a graça, acho que é hora de realmente me fechar em mim.
Não é só tristeza
Nem melancolia
Nem saudade...
A falta de definição é que me mata. Mas ainda assim talvez defina: tudo passa? quando passa? o que permanece? o que mata? o que alegra?
Estou cansada de ouvir coisas que não sou, formas que me veem, jeitos que me dão.
Não, sou meus livros, meus filmes, meus amigos, meus pensamentos. Mas não sou só meus livros, só meus filmes, só meus amigos, só meus pensamentos. Ainda há muito e tem tão pouco...
sábado, 5 de setembro de 2009
olhar e perceber simplesmente que não há, não é, acabou, dói.
andando pelo asfalto já fresco do dia o cantor que outro dia escrevia, sim, naqueles dias que escrevia por amor, por querer, por vontade e prazer, me encontrou na esquina e sussurou um MUITO OBRIGADO. eu chorei... caminhei até meu rumo e chorei. chorei no caminho. chorei na chegada. não sei até que ponto é bom ouvir um elogio sussurrado, uma palavra que poderia trazer tanta felicidade trazer tanto desgosto por ser quem sou.
não escolhi.
sempre confessando confesso que tento ser outras. ler, conhecer, conversar para que, quem sabe, me perca de mim e seja outra...além dos desejos, daquela coisa de acordar e me perguntar "quem sou eu", que seja outra....
outra que não sofre com um rompimento, outra que não sofre com uma despedida, outra que não sofre com o reatar de um laço perdido num tempo passado.
sofro, ainda que me queiras e me queira bem, ainda assim, por ter em mim tanto de mim, sofro.
e passa.
mas tudo reacende na mesma velocidade e proporção que gostaria.
não fui feita de felicidades, mas sim de tombos.
e de tombos e tombos aprendi: caio, mas sempre caio pra em seguida cair...
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
J. Tomaz
limpando minha estante constantemente empoeirada, cheia de livros que nunca li. e, outra vez confesso, que nunca lerei, vi que escorreu algumas coisas chamadas lágrimas de mim.
sempre achei que meu quarto fosse o retrato da minha vida. e ele está sempre tão desarrumado. coisas que não deveriam estar onde estão. e coisas que nem dele fazem parte, e nunca farão.
você fará falta.
me corta o peito, me dói a alma. a saudade me cativa a cada segundo quando leva quem eu amo pra longe.
mas eu te entendo, te respeito e te admiro.
não sei se foram aquelas conversas sobre assuntos afins que tivemos desde o começo do nosso encontro. não sei se nossas brigas tão enraivecidas como a de dois irmãos. não sei se simplesmente o fato de te amar pelo fato de você exatamente não cobrar amor. não sei, simples e de forma doída, não sei.
ney tocando e meus livros sempre fechados me fazem lembrar que a bagunça do meu quarto sempre continuará...
e nessa bagunça que te encontrei e que você sempre permancerá.
você, que sempre disse e em brigas afirmou minha bipolaridade, confesso: sim, sou bipolar.
porém, meus dois lados te amam.
e muito. boa viagem, bons caminhos.
só falo eu te amo por não existir palavra maior que amor para definir o amor.
então, que seja amor. e hoje é um amor com muita dor, com a dor da saudade e a necessidade de um abraço.
__________________
para o Tomaz, com amor e briga.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
hora, tempo, céu, árvores - obsessões
Perdi as horas. E, mais que elas, o tempo.
Me perdi de quem sou. E tudo que sou refletia no que era você.
Não se falava em mim havia tempo. Tempo, o perdido.
Não se falava nada além do que falava você.
Não sei porque falava amor. Para nós - nós palavra que alcançava uma definição do que eu era, sim, porque eu era só se fosse você junto, e eu, diga-se de passagem, em menores proporções - para nós amor era definição de pessoa. Eu te chamava amor, você me chamava amor. Amor nunca descobrimos o que fosse, o que era, o que deveria ser. Era amor como se fosse Ana, Maria, João.
Você e nós. Nós e sua vida. Você e outras. E engraçado, eu = primeira pessoa do singular. Singular, coisa que nunca fui. Macabéa me entenderia. Mas nem a morte me traria minha hora da estrela.
Você foi embora ou eu virei eu e fui? Eu não me lembro. Agora existem horas, existe o tempo. E tudo existe, o eu, o tempo, as horas porque você e nós foi embora. Olhei para aquelas minhas obsessões, que de tão minhas ficaram sem mim quando o nós existiu, e vi que as árvores continuam secas, algumas floridas e cheias de verde é fato, mas percebi que continuam secas. O céu ainda que catastrófico anunciando vez ou outra acabar com o mundo lá está. E céu e árvores secas formam obsessões. A cadeira de balanço continua lá. As minhas dores escondidas quando você existia e eu as escondia, continuam lá. Mas hoje reclamar das minhas dores traz alegria. Alegria de saber que posso simplesmente reclamar pra mim mesma de dores.
Não ligo que você foi embora. As lágrimas são minhas. Sim, eu existo, eu choro, eu sofro.
E por ser eu, eu também escolho se choro, se sofro, se existo. E digo.
Nunca fui tão eu, nunca fui tão céu e árvores secas como agora, depois de você e nós partir.
_____________________________________________
“este texto aqui escrito trata-se de um meme proposto por Iuri Gomes e que me chegou pelo Umbigo de Cristo. a proposta é que os indicados façam um texto (ou o que der na telha) como se rompesse com alguém. a ideia foi inspirada na exposição Cuide de Você, da francesa Sophie Calle, que convidou 104 mulheres para interpretarem um email de seu ex-namorado que gostaria de romper o relacionamento de ambos”
Regras do meme:
1 – Escrever uma carta como se você estivesse rompendo com seu (sua) namorado (a);
2 – Escrever estas regras e uma breve explicação do que é o meme (como essa aí de cima)
3 – Indicar cinco pessoas.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
quinta-feira, 30 de julho de 2009
quarta-feira, 29 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
só
abri outra, e nada
abri a porta
dava pro vazio
gritei e não saía voz
tocava nas coisas
e sentia que elas não existiam
olhava no espelho
não aparecia meu rosto
queria que fosse um sonho...
mas não era
era só como meus sentimentos se sentiam
e, na verdade
não era um "só" como se sentiam
qual o contrário de só?
sábado, 25 de julho de 2009
quarta-feira, 22 de julho de 2009
señor elton rivas y doña america del sur
ri demais.
e, por outro lado, me lembrei muito também de quando morei um ano no México. as crianças vindo em grupos oferecendo tantas coisas que o ouvido não acompanhava o ritmo daquele espanhol rapidito. quando viajei por 15 dias pela "Ruta Maya" (rota maia), que no meu caso foi até a fronteira com a Guatemala, me lembro do ônibus ser revistado até o último buraco quando entramos no estado de Chiapas (o mais lindo e também um dos mais pobres do país)...
lembro ainda do guia falando "não fotografem, não peguem NA-DA que as crianças ofereçam, se não serão obrigados a comprar". a cidade, san juan chamula, é um povoadinho próximo de san cristóbal de las casas. apesar de ter ido há 9 anos, nunca me esqueci da igrejinha em chamula.... uma mistura do catolicismo dos espanhóis com o que os índios de lá acreditam...sem cadeiras, a igreja tem as paredes pretas de velas queimadas, a cada passo, uma nova surpresa... as indias ficam rodeadas por velas e com galinhas pretas dentro de sacolas de plástico - galinhas vivas, definhando. ah, se eu pudesse fotografar...
me dá saudade do méxico. mas mais ainda vontade de viajar por aqui...
tenho que aproveitar a música do belchior...
"tenho 25 anos de sonhos, de sangue e de América do Sul, por força desse destino um tango argentino me cai bem melhor que um blues..."
segunda-feira, 20 de julho de 2009
passar
afundando
afundando
afundando
enquanto tantos outros seguem
navegando
conhecendo
ampliando a visão
alcançando o horizonte
é assim que me sinto
um barquinho no meio do nada
parada
vendo os outros passarem...
terça-feira, 14 de julho de 2009
banzo
e não teve nada tão clichê
como acordar pra ver outro dia igual a tantos outros
é pena
ter que acordar fingindo surpresa
enquanto tudo permanece igual
tirando aquele banzo
tudo é igual
até o banzo
quinta-feira, 9 de julho de 2009
quarta-feira, 8 de julho de 2009
domingo, 5 de julho de 2009
terça-feira, 30 de junho de 2009
uma carta desesperada.
escrevo pra você, mas pensando bem, pode ser pra qualquer um que eu fiz o favor de me transformar em puta ou hipócrita. sim. da próxima qual será? morte não cairia mal, pelo andar da carruagem. foda-se.
eu nunca estive em lugar algum, andei pensando. nunca acreditei muito nessa coisa de viver futuro, balela.
mas também, pensando bem, nunca deixei de viver o passado e pensando mais ainda, não sei em que tempo vivo. se há um passado é porque ele foi presente. mas sei lá onde eu estava pra me perder desse jeito naquele presente que hoje é passado.
fato é que, me perdi. sim, sou perdida.
e não teve um se quer capaz de entender a porra da dificuldade que é ser eu. ok. foda-se, não precisam me entender. se nem eu entendo. quando era pequena ou até mesmo antes pensava que era uma pessoa fora de mim. hã? sim, algo do tipo, não pertenço ao meu corpo. depois sempre imaginei que não pertencia onde morava. e depois entendi que não pertenço a nenhum lugar a não ser o poço que eu me faço afundar e emergir, vez ou outra.
fica a lição. de puta ou hipócrita qual doeu mais?
não sei. os dois ainda doem.
domingo, 28 de junho de 2009
talvez
levou-o arrastado pelas ruas
calçadas
asfaltos
cimentos
não há escapatória
e então
entendi tudo
onde eu sempre erro
é onde me erraram: em mim
entendi que nunca me pertenci
apesar de a todo tempo existir algo pedindo
"por favor, agora. por favor, agora"
ser eu sempre me machucou demais
por isso
forma que escolhi
foi machucar os outros com um pouco de mim
dói, machuca, rasga
talvez a chuva seja choro
e talvez a solidão
seja só solidão
que, me permitindo ser eu,
solidão não tem "só"...
solidão é
e é um é doído demais
domingo, 21 de junho de 2009
meu jeito
um poema guardado em segredo
uma dor pra seguir meus passos
tenho uma montanha
e pensamentos altos
não posso nadar
porém
minha canção de amor e meu poema secreto
preenchem meu dia
e faço do mato meu mar
parece triste
mas acredite
é grandioso e belo
e é do jeito que amo
quarta-feira, 17 de junho de 2009
bailarina
como o passo trôpego
de uma bailarina gorda
me estendi na inutilidade do dia
perdi a poética da vida
nas tiras da sapatilha
as pontas dos dedos são inúteis
sem vida, rotas
dancei
até acabar, louca, no chão.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
o frio
Veja como o tempo amanheceu cinza
Como concreto
As flores
O vento
Tudo parou
O frio aqueceu os desentimentos
Levou tristezas pras solidões
Não houve tempo de detê-lo
E ainda que houvessem casacos
E xales
E chocolates quentes
Nada disso seria suficiente
O frio não se combate com calor
é amor que falta ao frio.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
besteira
Acreditei em besteiras
Errei em detalhes
Fugi de mim
Percebi que tudo é mais do mesmo
terça-feira, 2 de junho de 2009
segunda-feira, 1 de junho de 2009
.
acreditando na falsa realidade
me afundei
me joguei num poço de mentiras
fui fundo
cheio de lama
escorregadio
minha inspiração acabou
a inocência idiota que faz acreditar
em dias melhores
em fases mais adultas
em sentimentos mais recíprocos
era tudo uma dança acelerada
um passo pro fim
um tão logo que não acabava nunca
não menti
mentiram
enganaram
a mim o que sobrou?
catar migalhas?
não
agradeço
prefiro meu fim
ao meu esquecimento
sábado, 9 de maio de 2009
romulo nétto
deu-se que se deram.
ele gentilmente abriu a porta de casa e ela a porta da mente. sei que desde aquele encontro nunca mais foi a mesma. a cada palavra falada por ele ela ia engolindo em ideias, em tristezas daquelas que devem ser escritas, em fantasias que sempre são expostas, em melancolias, em banzos, em flores, em fios, em sonhos...
ele falou tanto, contou da sua infância de ladrão de galinhas, da sua escrita, do seu sertão.
ela leu nele a vida dela mesma. a sua infância, as suas galinhas, a sua escrita, o seu cerrado.
cada detalhe era uma vida. cada exposição uma frase. cada fim de frase um poema feito.
um, dois, 24 ideias. todas ali, em livros.
que inveja, ela pensou. não das ideias. na verdade nem ela sabia se era inveja, aquela coisinha que corrói, ou simples admiração.
ele contou bastante. mas como se contam 63 anos em 3 horas?
foi embora satisfeita, ainda teve poema feito por ele.
quase que chora a menina que cotidianamente é chamada de manteiga derretida, hoje, é verdade, mais pra pedra ressentida, com aquilo que o poeta verdadeiramente pensou exatamente naquele momento e dedicou somente à ela...
não sei se se topam por aí.
mas se já se toparam pela vida, é isso que vale.
é o que dá em poesia...
saravá.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
seguir
Por não ter melhor caminho pra seguir
Elas me doem, confesso
Mas foram elas que escolheram a mim
Não tenho como fugir
Desfaço
Se refazem
Me retorço
Elas se contraem
Pudera eu
Ter escolhido caminho mais fácil
Mas elas não me deixam
Procuro seguir
quinta-feira, 30 de abril de 2009
um poema?
vem e arregaça suas mangas pro poeta
ele, inerte, aceita
não tem como fugir
e mesmo se quisesse
elas voltariam
certeza que voltariam
a palavra vem como esquizofrenia na cabeça
atordoam, atordoam
batem, batem
até fazer de uma, várias
duma frase, um poema
quarta-feira, 22 de abril de 2009
um dó?
as árvores parecem dar pequenos sorrisos de satisfação
o piano de madeira gasta já não toca
mas sua escala está lá ...
pronta pra ser dedilhada
saudade é palavra corriqueira
mas a partitura, já velha pelo tempo
parece tão estranha...
tão apagada pela memória
um dó? um fá?
uma dó?
não saberia dizer
não saberia tentar
os dias tristes voltam
e as raízes daquelas árvores sorridentes
mostram um galho tão fraco...
tão eu
sábado, 11 de abril de 2009
fios e árvores
quarta-feira, 8 de abril de 2009
quebrar os concretos resolve?
________________________
fim da chuva
gotas de natureza
ouvir um pingo é ter sensação de estar no mato
na cidade o concreto toma conta
aliás, pingo é ouvido porque cai no cimento
na terra seria leve e macio
chuva é melancolia
vontade de sentir terra
quebrar os concretos resolve?
domingo, 5 de abril de 2009
meu erro não é você
muito, inclusive
não consigo escrever desinteressadamente
assim, sem pensar em algo ou alguém
pessoas me chamam atenção para a sina da escrita
mas tenho dificuldades quando tento fazer você virar palavra
talvez seja pela grandiosidade de afeto
talvez pelo fato de não ter palavra que te signifique
amor é lixo perto do que você realmente é
te amo é tão ínfimo perto do que eu queria sempre dizer
mas o digo pelo fato de faltar palavras
de não saber significados que de repente dobrem, triplique, infinitem a palavra amor
e nós nos chegamos tão sem pensar
tão sem querer pensar
fomos sendo
nos tornamos
mudamos
eu com toda a agressividade que o mundo ainda pode conhecer
você com toda candura e timidez que só os que sofrem de vergonha podem saber
eu não sei
não sei o que é ser você
mas sei, e como sei, as transformações pelas quais você passou
eu as senti, as vivi, as estranhei
você renasceu algumas vezes e sei que estive presente em alguns desses partos
crescer dói
viver machuca
amar ensina
sofrer enobrece
e mesmo cantado e sendo sempre nossa trilha sonora dizer que meu erro foi crer que estar ao seu lado bastaria
é mentira
meu erro não é você
meu erro nunca será você
talvez errar seja quando não te compreendo
não tenho saco para entender que às vezes, simplesmente, não temos saco
ainda haverão de ter muitos renascimentos
dores
erros
espero estar em todos eles
e te apoiar, mas do meu jeito
grosso, estúpido, verdadeiro
amizade é pouco
amor é pouco
saudade é pouco
mas saber que você existe é muito
preenche
e traz felicidade
te amo
por falta de palavra melhor
*para monique
sexta-feira, 3 de abril de 2009
tilintar
ouvir os sapos
o cheiro das flores
espero você
entrar pela noite
não tenho mais solidão
chegando tu
ela foi embora
espera aqui
vem comigo ouvir
o tilintar da vida
o mato canta
e sorriso abre por isso
sem você, seria assim?
sexta-feira, 27 de março de 2009
es es es
Escorrendo
Escafandro
Esquálido
Escândalo
Espírito
Espaço
Respiro
Tempo
Fim e começo
Silêncio no escuro
Grito
A coisificação do homem
A humanização dos objetos
Quem está fadado ao fim?
São os loucos os errados?
Ou certos estão os que prendem?
Estardalhaço
Escuro
Esperto
Espera
Es
cu
to
sábado, 14 de março de 2009
adormeço
os ponteiros são coisas engraçadas
um sempre com pressa passa os outros dois
os outros dois se quisessem romance pouco estariam juntos
solidão é isso
é estar no mesmo mundo, mas longe
os segundos fazem barulhinhos irritantes
a hora passa
o sono vem
mas lá está ele
1,2,3 tic tac
não consigo dormir
me sinto só
e mesmo que haja um ponteiro marcando a hora
sempre serei um minuto
não passo rápido
no entanto fico pouco
e sempre estarei só
nem que seja só por alguns milhares de segundos
adormeço
domingo, 1 de março de 2009
domingo pede caximbo?
domingo entre respingos de chuva e sol intermitente, entre touros valentes que "bate na gente". e a gente, como sempre, fraco que cai no buraco.
era domingo, como dizia a música. era uma manhã de domingo.
veio o abraço. a conversa. os olhares. duas jabuticabas e dois lindos ... ah! é indescritível. seria o azul do mar? o mar é azul? seria um verde? o mar às vezes não é verde? é possível tentar descrever o que não se deve? ou sempre se deve tentar descrever o que não se pode? não sei...
me perco nas palavras.
algumas vezes elas são as soluções de tristeza. às vezes o vazio preenchido por àquilo que pessoa nenhuma consegue ocupar.
fato é que ele ocupou. por menos de um dia. por menos do tempo que o que eu senti foi triplicado.
e ainda sinto. ainda está aqui.
seria estranho, se não fosse verdadeiro, que as promessas um dia feitas de que distância nenhuma mais existiria pra mim fossem facilmente deixadas de ser verdades...
não, não existe distância quando o coração aproxima. ou existe. mas pelo simples fato de ser física.
sim, eu prometi. não quero mais distância. e por isso não vou ser um dentro daquele " a gente" que é fraco e cai no buraco.
não. o mundo ainda não se acabou.
pra mim, o buraco vai ser sempre mais embaixo.
e ponto.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
bocasemisuja
Além do mais tenho escutado coisas que não me pertencem e sendo menos eu. Foram 4 anos em 1 semana. JK e essa mania de redução. BAH, como diriam os lá de baixo. E sim, mais uma vez tentei colocar o piercing, mas o buraco parece ter fechado. Ah, tem outra, as discussões sobre Bukowski estão que não terminam... foda é nego achar que pode escrever igual uns ou outros que se destacaram pelo simples fato de serem perfeitos no que faziam. TÁ. Perfeitos?
Que se foda, hoje não tô pra ninguém.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
bipolar
a casa é grande, espaçosa, cheia de árvores, passarinhos. o encontro com amigos, risadas soltas. uma boa coca cola para alimentar o vício. música leve, suave. te adoros escritos, te amos sentidos, saudades latentes.
parece uma vida normal. boa. feliz.
amanheço com solidões.
a noite sempre trás a angustia do não visto. chuva deprime por lembrar de um tempo bom. a calma é sentimento desconhecido.
os vícios são tantos e outros e muitos e sempre...
palavras soltas.
vivo com solidões.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
amigo
e tudo foi acontecendo e se transformando.
e quantas conversas foram trocadas? milhares?
e quantas gargalhadas?
e quantas porrrrtas e carrrrnes e tudo mais que o R denuncia foram falados?
e quantas agonias?
e quantas frustrações?
e quantas pessoas foram passando?
e quantos você amou e eu odiei?
e quanto nos fomos querendo bem?
quantas visitas nas madrugadas?
quantas tentativas de truco?
e quanto e tudo e mais e sempre?
touro. câncer. ciúme. entrega. amizade.
de tudo que passa, pouco fica.
você ficou.
obrigada por existir, amigo.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
ampulheta
não existe a história de que ele conforta, é auto engano, auto piedade, auto sufoco.
ele sempre foi e será sufocante, uma brasa. aquela coisa que não chega a queimar na hora, mas que também não apaga. e, sendo assim, brasa, ele mata. demora, mas mata. tosta aos pouquinhos, bem poucos, até o fim.
não importa se vida fosse vivida de trás pra frente ou frente pra trás. relógios não tendem a parar, mesmo faltando pilhas.
idiota como nos apegamos ao tempo.
e ele?
não se importa UM minuto com a gente.
sábado, 17 de janeiro de 2009
A chuva
Quem sabe lembranças, quem sabe passados.
Fato é que a janela ainda pingava as últimas gotinhas da chuva desesperada que caía há pouco. Chuva faz a gente pensar. Talvez por nos prender em casa, no ponto de ônibus, no teatro, na casa de alguém que a gente acabou de brigar. Chuva sempre é um pedaço de melancolia quando não costuma chover por onde vivemos.
Chuva lembra choro. E então pode ser tanto boa como ruim.
A agonia de uma noite em pequenas palavras. A garganta seca, apesar da umidade que ela deixa.
Ó...
escuta?
Lá vem chuva, lembranças e passados de novo...
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
À você
Espero também que entenda que muitas são as paixões, desejos da carne ou malícias humanas, mas que poucas são àquelas que sempre estenderão o braço, que acolherão, que entenderão as aflições que carregamos, que falarão que amam apenas demonstrando.
Eu tenho aguentado firme. Tenho fotografado muito. Lido muito. Mas às vezes, simplesmente, não dá.
Você faz falta.
Sua ausência é daquelas mais sentidas e dolorosas. Daquelas que mexem com qualquer um. Daquelas presenças que brilham.
Você é burro e egoísta. Sim, porque está fazendo muitos penarem. E são nessas horas que a raiva explode e eu penso "seria melhor sem você".
Mas logo admito pra mim mesma que pensar assim é apagar passados que valeram a pena. Passados que me fizeram crescer.
Eu espero que tenha aprendido. Espero que não repita o que fez.
Acredito que mais do que para nós, a lição grande foi para você.
Por favor, volte.
sábado, 3 de janeiro de 2009
ei ou ó
meu peito amanhece de saudades
enche a alma de enfeites de luz
brilha
o rodar das saias
os sorrisos
o gingado
é possível haver tristeza?
ela tá ali, ó
("A roda da saia mulata /Não quer mais rodar não senhor")