sexta-feira, 25 de setembro de 2009

meu bukowski

eu andei me perdendo de você velho safado
me afastei das coisas que mais gosto por coisas que tenho que fazer
andei fazendo o que mandam
sendo quem não sou
sim, eu digo
as dores de cabeça ainda estão aí
bem como as contas no fim do mês
e os livros empoeirados
os seus estão lá
mas aquele rosa choque não te deixa empoeirar
aquela capa "leia-me" não me deixa te esquecer
volto
assim como voltarei sempre que me perder de você
senhor charles bukowski

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

tu

tu
que hora sim e hora não vens a me buscar
que me reconhece no meu desreconhecimento
que tem de mim tudo
que leva de mim nada
tu
tudo
todos
nós

tu que faz as obsessões em forma de céu
que faz de árvores secas a paisagem mais bela
vês?
de árvores secas, mortas quiçá, a paisagem mais bela
sim, tu
ainda hei de conhecer-te

seja nas horas sim ou nas horas não

e aí sim
tu seremos nós
e nós veremos além...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

"por Deus nunca mi vi tão só
é a própria fé o que destrói
estes são dias desleais"



usando o alheio
Às vezes não tenho vontade nenhuma de fazer alguma coisa. Ficar quieta, tentar pensar em nada, me calar.
Quando até rir com os amigos perde a graça, acho que é hora de realmente me fechar em mim.
Não é só tristeza
Nem melancolia
Nem saudade...

A falta de definição é que me mata. Mas ainda assim talvez defina: tudo passa? quando passa? o que permanece? o que mata? o que alegra?

Estou cansada de ouvir coisas que não sou, formas que me veem, jeitos que me dão.

Não, sou meus livros, meus filmes, meus amigos, meus pensamentos. Mas não sou só meus livros, só meus filmes, só meus amigos, só meus pensamentos. Ainda há muito e tem tão pouco...

sábado, 5 de setembro de 2009

confesso, tem sido dificil ser eu. tem sido muito.
olhar e perceber simplesmente que não há, não é, acabou, dói.
andando pelo asfalto já fresco do dia o cantor que outro dia escrevia, sim, naqueles dias que escrevia por amor, por querer, por vontade e prazer, me encontrou na esquina e sussurou um MUITO OBRIGADO. eu chorei... caminhei até meu rumo e chorei. chorei no caminho. chorei na chegada. não sei até que ponto é bom ouvir um elogio sussurrado, uma palavra que poderia trazer tanta felicidade trazer tanto desgosto por ser quem sou.
não escolhi.
sempre confessando confesso que tento ser outras. ler, conhecer, conversar para que, quem sabe, me perca de mim e seja outra...além dos desejos, daquela coisa de acordar e me perguntar "quem sou eu", que seja outra....
outra que não sofre com um rompimento, outra que não sofre com uma despedida, outra que não sofre com o reatar de um laço perdido num tempo passado.

sofro, ainda que me queiras e me queira bem, ainda assim, por ter em mim tanto de mim, sofro.

e passa.

mas tudo reacende na mesma velocidade e proporção que gostaria.

não fui feita de felicidades, mas sim de tombos.

e de tombos e tombos aprendi: caio, mas sempre caio pra em seguida cair...

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

é quando eu fico mais quietinha, autista no meu mundo ordinário, que consigo atingir o pior dos sentimentos.

dor.

finda quando?

J. Tomaz

me peguei escutando ney e lembrei de você. confesso, chorei.
limpando minha estante constantemente empoeirada, cheia de livros que nunca li. e, outra vez confesso, que nunca lerei, vi que escorreu algumas coisas chamadas lágrimas de mim.
sempre achei que meu quarto fosse o retrato da minha vida. e ele está sempre tão desarrumado. coisas que não deveriam estar onde estão. e coisas que nem dele fazem parte, e nunca farão.

você fará falta.

me corta o peito, me dói a alma. a saudade me cativa a cada segundo quando leva quem eu amo pra longe.
mas eu te entendo, te respeito e te admiro.
não sei se foram aquelas conversas sobre assuntos afins que tivemos desde o começo do nosso encontro. não sei se nossas brigas tão enraivecidas como a de dois irmãos. não sei se simplesmente o fato de te amar pelo fato de você exatamente não cobrar amor. não sei, simples e de forma doída, não sei.

ney tocando e meus livros sempre fechados me fazem lembrar que a bagunça do meu quarto sempre continuará...
e nessa bagunça que te encontrei e que você sempre permancerá.
você, que sempre disse e em brigas afirmou minha bipolaridade, confesso: sim, sou bipolar.

porém, meus dois lados te amam.

e muito. boa viagem, bons caminhos.

só falo eu te amo por não existir palavra maior que amor para definir o amor.

então, que seja amor. e hoje é um amor com muita dor, com a dor da saudade e a necessidade de um abraço.

__________________

para o Tomaz, com amor e briga.