quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

ampulheta

o tempo insistiu em passar. sem nenhuma dó, sem nada que fosse de promissor. ele era apenas sufocante. um trem sem freios, uma casa se acabando, rachando aos poucos, caindo aos poucos, levando vida aos poucos.
não existe a história de que ele conforta, é auto engano, auto piedade, auto sufoco.
ele sempre foi e será sufocante, uma brasa. aquela coisa que não chega a queimar na hora, mas que também não apaga. e, sendo assim, brasa, ele mata. demora, mas mata. tosta aos pouquinhos, bem poucos, até o fim.
não importa se vida fosse vivida de trás pra frente ou frente pra trás. relógios não tendem a parar, mesmo faltando pilhas.

idiota como nos apegamos ao tempo.

e ele?


não se importa UM minuto com a gente.

sábado, 17 de janeiro de 2009

A chuva

O tempo passou e poucos ficaram.
Quem sabe lembranças, quem sabe passados.
Fato é que a janela ainda pingava as últimas gotinhas da chuva desesperada que caía há pouco. Chuva faz a gente pensar. Talvez por nos prender em casa, no ponto de ônibus, no teatro, na casa de alguém que a gente acabou de brigar. Chuva sempre é um pedaço de melancolia quando não costuma chover por onde vivemos.
Chuva lembra choro. E então pode ser tanto boa como ruim.
A agonia de uma noite em pequenas palavras. A garganta seca, apesar da umidade que ela deixa.

Ó...

escuta?

Lá vem chuva, lembranças e passados de novo...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

À você

Eu espero que todo esse tempo que você passou aí, longe, mesmo perto, solitário, mesmo com todos os pensamentos voltados para você, tenha feito perceber as coisas que já nos fez.
Espero também que entenda que muitas são as paixões, desejos da carne ou malícias humanas, mas que poucas são àquelas que sempre estenderão o braço, que acolherão, que entenderão as aflições que carregamos, que falarão que amam apenas demonstrando.
Eu tenho aguentado firme. Tenho fotografado muito. Lido muito. Mas às vezes, simplesmente, não dá.
Você faz falta.
Sua ausência é daquelas mais sentidas e dolorosas. Daquelas que mexem com qualquer um. Daquelas presenças que brilham.
Você é burro e egoísta. Sim, porque está fazendo muitos penarem. E são nessas horas que a raiva explode e eu penso "seria melhor sem você".
Mas logo admito pra mim mesma que pensar assim é apagar passados que valeram a pena. Passados que me fizeram crescer.
Eu espero que tenha aprendido. Espero que não repita o que fez.
Acredito que mais do que para nós, a lição grande foi para você.

Por favor, volte.

sábado, 3 de janeiro de 2009

ei ou ó

entre o sonho e o samba
meu peito amanhece de saudades
enche a alma de enfeites de luz
brilha

o rodar das saias
os sorrisos
o gingado
é possível haver tristeza?

ela tá ali, ó




("A roda da saia mulata /Não quer mais rodar não senhor")