acredito claramente que é a dor que ensina. aliás, acredito que é a dor que amadurece.
não fosse a dor - física, quando a enxaqueca vem, ou de amor, quando ele se vai - não teria chegado até aqui.
a dor ensina
a tristeza ensina
o amor transborda.
sim, o amor apaga, vez ou outra, todas as imperfeições alheias.
é ele que faz tentarmos ir além. ficarmos vivos. não nos afogarmos nessa mediocridade humana.
acontece que, nem sempre, é o amor que vem. nem sempre é o amor que chega. nem sempre é ele que basta. nem sempre existe conexão com o outro. amor sozinho não basta. é preciso que seja mútuo, compartilhado, vivo.
já fiz dezenas de cartas de despedidas e em nenhuma disse adeus.
já disse que odiava sem nem saber o que significava isso de verdade.
até que parei pra me conhecer.
e vi claramente a bagunça mental que eu sou.
e aceitá-la não faz com que me sinta melhor
faz apenas com que eu me sinta eu
entre desorganizações
tristezas
dores
e amores.
minha carta é de chegada.
de mim para mim, digo:
sim.
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
domingo, 12 de fevereiro de 2017
o barulho do silêncio
Gostaria de lhe dizer que as coisas são passageiras
Que uma hora, bem ou mal, tudo vira lembrança
Que ali, alguns quilômetros a frente, estará tudo bem
Mas, a verdade é que não é possível saber
O tempo não cura as coisas
Ele, simplesmente, faz a gente esquecer as coisas
As coisas
Os atos
As pessoas
Vai ficando tudo meio turvo
Meio embaçado
Até sumir no meio da paisagem
Gostaria, também, de dizer que toda essa agonia
Vai ser curada
Que toda essa doença
Vai ser dizimada
Que vida é assim mesmo
Gostaria
Muito
De dizer pra você, que sou eu mesma,
Que é normal
Que os traumas
As infelicidades
As cicatrizes
As tatuagens
Tudo
É normal
mas
sabe?
não vou dizer nada
atrevo-me ao barulho imenso que o silêncio faz.
Que uma hora, bem ou mal, tudo vira lembrança
Que ali, alguns quilômetros a frente, estará tudo bem
Mas, a verdade é que não é possível saber
O tempo não cura as coisas
Ele, simplesmente, faz a gente esquecer as coisas
As coisas
Os atos
As pessoas
Vai ficando tudo meio turvo
Meio embaçado
Até sumir no meio da paisagem
Gostaria, também, de dizer que toda essa agonia
Vai ser curada
Que toda essa doença
Vai ser dizimada
Que vida é assim mesmo
Gostaria
Muito
De dizer pra você, que sou eu mesma,
Que é normal
Que os traumas
As infelicidades
As cicatrizes
As tatuagens
Tudo
É normal
mas
sabe?
não vou dizer nada
atrevo-me ao barulho imenso que o silêncio faz.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
cansei
cansei
cansei dos meus livros
do meu edredom macio
do ar condicionado gelado
cansei de ver meus amigos doentes
de ver o ponto às 8 e às 18
de ler e rabiscar na natureza selvagem
de ouvir eddie vedder
cansei de cumprir um cronograma
de chorar com e sem causa
de estar perdida
de procurar cura nessa sociedade doentia
cansei de ficar angustiada
de ler e ler e ler e ler
e ver tanto sofrimento
tanta superação
por que temos que nos superar a cada minuto?
ser exemplo de coisas idiotas
de superficialidades bobas
cansei de cumprir tabela
de ter que ter
ter um carro
uma casa
um apartamento, é mais seguro
falando em seguro
você tem?
seu carro tem?
meu carro é mais seguro do que eu
cansei de ter que responder perguntas que eu sequer quero escutar
de interpretar
fingir
sentir
ferir
morrer cada dia um pouquinho
de viver cada dia um pouquinho
cansei.
cansei dos meus livros
do meu edredom macio
do ar condicionado gelado
cansei de ver meus amigos doentes
de ver o ponto às 8 e às 18
de ler e rabiscar na natureza selvagem
de ouvir eddie vedder
cansei de cumprir um cronograma
de chorar com e sem causa
de estar perdida
de procurar cura nessa sociedade doentia
cansei de ficar angustiada
de ler e ler e ler e ler
e ver tanto sofrimento
tanta superação
por que temos que nos superar a cada minuto?
ser exemplo de coisas idiotas
de superficialidades bobas
cansei de cumprir tabela
de ter que ter
ter um carro
uma casa
um apartamento, é mais seguro
falando em seguro
você tem?
seu carro tem?
meu carro é mais seguro do que eu
cansei de ter que responder perguntas que eu sequer quero escutar
de interpretar
fingir
sentir
ferir
morrer cada dia um pouquinho
de viver cada dia um pouquinho
cansei.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
tijolo por tijolo
li, ainda hoje, que "amor é reconstrução"
não posso deixar de concordar.
acho que é sempre mais fácil começar do início.
o sonho
a ideia
o papel
a forma
a base
a laje
a decoração
a chegada naquela casa tão nossa
com cheiro tão novo
com os quadros pendurados na sala milimetricamente medidos
e, depois,
banido da sala porque o olho da Monalisa dá medo e eu não consigo dormir a noite
e aí se rearranja
pega o quadro
coloca no outro quarto
tira daquele lugar aquela foto ali
coloca ela, então, no olhar que antes pertencia à Monalisa
aí vem a briga
aí vem o gozo
aí vem a janta
e em seguida a louça pra lavar
e vem rotina
vem conta
vem muito talão e pouco salário
e vem o choro do nada
claro,
sempre o choro
e sempre
supostamente
do
nada
e vem
e vai
e sai da casa
e leva o quadro da Monalisa
e muda
e muda de novo
e enfia o quadro em cima da estante
e pega livro por livro
e pega choro por choro
e pega vida por vida
e pega medo por medo
e pega força por força
e quebra copo
compra louça
desfaz as caixas
refaz a vida
mas, e o amor?
reconstrói o amor
pega aquela receita de juntar os cacos dos copos, as lágrimas e o olhar da Monalisa.
pega também aquele livro que eu andei lendo e chorei de soluçar
pega sua louça
a toalha de margaridas
as luzes
as dores
os sonhos
as ideias
os papéis
as formas
a base
a laje
a decoração
junta tudo de nós e mistura pra nosso
transforma isso
em uma massa
composta de fé
esperança
espera
e
saudade.
feito isso, beba a reconstrução do amor.
mas beba todo dia
de pouquinho
bem pouquinho
levinho
pra lembrar que amor é isso
às vezes cai
nas outras cola
mas,
sempre
reconstrói.
não posso deixar de concordar.
acho que é sempre mais fácil começar do início.
o sonho
a ideia
o papel
a forma
a base
a laje
a decoração
a chegada naquela casa tão nossa
com cheiro tão novo
com os quadros pendurados na sala milimetricamente medidos
e, depois,
banido da sala porque o olho da Monalisa dá medo e eu não consigo dormir a noite
e aí se rearranja
pega o quadro
coloca no outro quarto
tira daquele lugar aquela foto ali
coloca ela, então, no olhar que antes pertencia à Monalisa
aí vem a briga
aí vem o gozo
aí vem a janta
e em seguida a louça pra lavar
e vem rotina
vem conta
vem muito talão e pouco salário
e vem o choro do nada
claro,
sempre o choro
e sempre
supostamente
do
nada
e vem
e vai
e sai da casa
e leva o quadro da Monalisa
e muda
e muda de novo
e enfia o quadro em cima da estante
e pega livro por livro
e pega choro por choro
e pega vida por vida
e pega medo por medo
e pega força por força
e quebra copo
compra louça
desfaz as caixas
refaz a vida
mas, e o amor?
reconstrói o amor
pega aquela receita de juntar os cacos dos copos, as lágrimas e o olhar da Monalisa.
pega também aquele livro que eu andei lendo e chorei de soluçar
pega sua louça
a toalha de margaridas
as luzes
as dores
os sonhos
as ideias
os papéis
as formas
a base
a laje
a decoração
junta tudo de nós e mistura pra nosso
transforma isso
em uma massa
composta de fé
esperança
espera
e
saudade.
feito isso, beba a reconstrução do amor.
mas beba todo dia
de pouquinho
bem pouquinho
levinho
pra lembrar que amor é isso
às vezes cai
nas outras cola
mas,
sempre
reconstrói.
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