terça-feira, 8 de junho de 2010

uma cabeça que eoca por aí

me quedaram dois ambientes no mundo em que posso frequentar.
não, não. não no mundo que eu posso frequentar - como se houvesse mundos em que eu não pudesse frequentar, entende? mas nesse mundo me sobraram dois lugares nos quais posso ir.

um, é meu quarto.
o outro, a minha alma.

a ausência de fluidez, o colorido das letras, os rabiscos do tempo, os cheiros doces e azedos. este é o meu quarto. tudo o que resta, é minha alma.

o intangível, o frágil, o tempo, as letras, as cores, os doces e, até os amargos, também estão na alma. note, aqui, coisas se repetem e nada se reprime.

me pego dentro do quarto da alma e percebo que são inseparáveis.

a loucura, pergunto, é do quarto ou da alma? ou é um quarto da alma?

as cores, me pergunto, são dos meus olhos que veem ou dos olhos dos outros que sentem? eu sinto?

repito, eu sinto?

hoje, pra essa pergunta, o quarto parece estar vazio.

e percebo que a voz ecoa.

sem fluidez, sem cores, sem cheiros, sem tempos e nem rabiscos o quarto está vazio e sem respota.

o quarto, percebo, é a cabeça.

e arre, como é difícil ter uma cabeça que ecoa por aí.

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