segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

sonhei com uma horta verde na última noite.
ela olhava pra mim, murcha, seca, sem vida.
eu sorria, e o manjericão voltava com seu cheiro extasiante.
que horta sou eu?
e se fosse alguma, que frutos daria?
ando pensando na nossa vida
dostoievski tem tido o poder de me deprimir a cada linha
e cada paragrafo é tão dilacerante como verdadeiro.
você está ao meu lado na cama, mas é como se nunca tivesse estado ali.
me olha, e não me vê.
me toca, e não me sente.
pega em mim e me acha fria, enquanto meu corpo febril pede que novamente me aperte os braços para o sangue correr com mais vontade.
somos nós estreitos nós?
nós que não se desenrolam, mas não fazem parte da mesma corda?
é isso?
duas cordas lotadas de nós em paralelo?
lado a lado, em um infinito estar-ao-lado-sem-se-tocar?
é isso?
deixe que as leis da física me mostrem o contrário, por favor.

sábado, 22 de janeiro de 2011

não tem como não ser feliz ao seu lado.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

o que não foi, não é

Me afogam as águas claras daquele dia que te deixei

Lembro de olhar mais uma vez, para ter certeza que aquilo era o certo

Que não iria me arrepender

Que tinha muita vida em mim, em nós

Independente das notícias que viessem de você, não me afligiria, não me amarguraria com o que restou de nós: nada

Não precisava de tempo para saber que ao escolher uma via, sempre teria errado em não ter escolhido a outra

Não, não é isso meu bem, não é arrependimento – são escolhas

Sabe o lance do Bukowski de que “o amor é uma espécie de preconceito”, que amamos o que é conveniente, de que, como podemos amar uma pessoa, enquanto há dez mil outras no mundo que não amaremos porque nunca conheceremos?

Pois é

Não é isso e é também

Me adianto no sofrimento para não me adiantar na dor: me faz bem chorar pelo que não foi do que pelo acabou sendo e deixou marcas que nem o tempo tiram do corpo

É como olhar aquela cicatriz que não sara e ver claramente o dia do acidente

Me embaralho em pensamentos, entre o que foi, o que tem sido, o que poderia ser e me pego mais confusa do que aquele dia em que as escadas que desci foram poucas para entender o quanto você já existia em mim

Não sei se peço para continuar existindo ou se acredito profundamente em uma escolha, sabendo que ela simplesmente me fará não fazer outra.

Confuso?

Nunca deixaria de ser.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

vê?

tocar. tocar o impossível, o que parecia um plasma, uma alma solta, um platonismo típico. tocar. olhar. lamber as feridas para que cicatrizem mais rápido. escorrer de felicidade, feito fio de água em vidro na noite de chuva, como Mia falou na outra noite.

tocar, para que não pareça inexistente, para que pareçamos, para que sejamos. tocar, não para doer, para sentir.

simplesmente tocar.
tenho escrito para não gritar.

obrigada caio.