sábado, 9 de maio de 2009

romulo nétto

o caminho foi quente pra porra. toda vez que fazia aquele caminho parecia estar no meio do sertão de sua infância. o suor escorria, ia molhando terrivelmente toda sua pele já começando a ser gasta pelo tempo, pelo cansaço que a própria vida oferece.
deu-se que se deram.
ele gentilmente abriu a porta de casa e ela a porta da mente. sei que desde aquele encontro nunca mais foi a mesma. a cada palavra falada por ele ela ia engolindo em ideias, em tristezas daquelas que devem ser escritas, em fantasias que sempre são expostas, em melancolias, em banzos, em flores, em fios, em sonhos...
ele falou tanto, contou da sua infância de ladrão de galinhas, da sua escrita, do seu sertão.
ela leu nele a vida dela mesma. a sua infância, as suas galinhas, a sua escrita, o seu cerrado.
cada detalhe era uma vida. cada exposição uma frase. cada fim de frase um poema feito.
um, dois, 24 ideias. todas ali, em livros.
que inveja, ela pensou. não das ideias. na verdade nem ela sabia se era inveja, aquela coisinha que corrói, ou simples admiração.
ele contou bastante. mas como se contam 63 anos em 3 horas?
foi embora satisfeita, ainda teve poema feito por ele.
quase que chora a menina que cotidianamente é chamada de manteiga derretida, hoje, é verdade, mais pra pedra ressentida, com aquilo que o poeta verdadeiramente pensou exatamente naquele momento e dedicou somente à ela...
não sei se se topam por aí.

mas se já se toparam pela vida, é isso que vale.
é o que dá em poesia...


saravá.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

seguir

Enveredo pelo caminho das palavras
Por não ter melhor caminho pra seguir

Elas me doem, confesso
Mas foram elas que escolheram a mim
Não tenho como fugir

Desfaço
Se refazem

Me retorço
Elas se contraem

Pudera eu
Ter escolhido caminho mais fácil

Mas elas não me deixam
Procuro seguir