quinta-feira, 30 de julho de 2009

o vento riu no meu rosto.
ri de volta
risada de vento não se nega
abri os braços
ele me abraçou

o vento é foda
"um bom poeta pode fazer uma alma despedaçada voar."

bukowski


nem você velho safado, nem você.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Não consigo fingir sentimento
sofrimento
amargura
tristeza
nem com os remédios
mato os leões
-os infernos
nem com a doença
dá pra fingir
-esquecimento
doendo a dor da cabeça
penso esquecer as outras
autoengano
coração não se cura com remédio de infarto
-fato.

terça-feira, 28 de julho de 2009

abri a janela e tudo era escuro
abri outra, e nada
abri a porta
dava pro vazio
gritei e não saía voz
tocava nas coisas
e sentia que elas não existiam
olhava no espelho
não aparecia meu rosto
queria que fosse um sonho...
mas não era
era só como meus sentimentos se sentiam

e, na verdade
não era um "só" como se sentiam

qual o contrário de só?
ando tão distraída que confundo morte e vida...

sábado, 25 de julho de 2009

antes pensava que não pertencia àquelas pessoas

hoje penso que não pertenço é a mim mesma

é doloroso

quero esquecer mais ainda dos esquecimentos cotidianos

fora do ninho
fora do ninho
fora do ninho

o novelo de lã denuncia: a loucura só abstém aqueles que não estão preparados

quarta-feira, 22 de julho de 2009

señor elton rivas y doña america del sur

hoje fiquei lendo todos os textos no blog do Elton a respeito da viagem dele pela Bolívia e Argentina.

ri demais.

e, por outro lado, me lembrei muito também de quando morei um ano no México. as crianças vindo em grupos oferecendo tantas coisas que o ouvido não acompanhava o ritmo daquele espanhol rapidito. quando viajei por 15 dias pela "Ruta Maya" (rota maia), que no meu caso foi até a fronteira com a Guatemala, me lembro do ônibus ser revistado até o último buraco quando entramos no estado de Chiapas (o mais lindo e também um dos mais pobres do país)...

lembro ainda do guia falando "não fotografem, não peguem NA-DA que as crianças ofereçam, se não serão obrigados a comprar". a cidade, san juan chamula, é um povoadinho próximo de san cristóbal de las casas. apesar de ter ido há 9 anos, nunca me esqueci da igrejinha em chamula.... uma mistura do catolicismo dos espanhóis com o que os índios de lá acreditam...sem cadeiras, a igreja tem as paredes pretas de velas queimadas, a cada passo, uma nova surpresa... as indias ficam rodeadas por velas e com galinhas pretas dentro de sacolas de plástico - galinhas vivas, definhando. ah, se eu pudesse fotografar...

me dá saudade do méxico. mas mais ainda vontade de viajar por aqui...

tenho que aproveitar a música do belchior...

"tenho 25 anos de sonhos, de sangue e de América do Sul, por força desse destino um tango argentino me cai bem melhor que um blues..."

segunda-feira, 20 de julho de 2009

passar

um barquinho no meio do mar
afundando
afundando
afundando

enquanto tantos outros seguem
navegando
conhecendo
ampliando a visão
alcançando o horizonte

é assim que me sinto

um barquinho no meio do nada
parada
vendo os outros passarem...

terça-feira, 14 de julho de 2009

banzo

o dia amanheceu
e não teve nada tão clichê
como acordar pra ver outro dia igual a tantos outros

é pena
ter que acordar fingindo surpresa
enquanto tudo permanece igual

tirando aquele banzo
tudo é igual

até o banzo

quinta-feira, 9 de julho de 2009

voar
perder-se

ah!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

escrever ainda é o lugar que eu mato meus demônios...

domingo, 5 de julho de 2009

o dia que pode começar mesmo antes de nascer traz a certeza de que nem sempre céu azul tem a ver com felicidade duradoura.

é inútil.

tantas coisas são

às vezes da uma vontade de virar fagulha

não por tristeza

mas sim por bestice de criança não crescida

me da um algodão doce de nuvens?