quarta-feira, 13 de agosto de 2008

sem pra sempre


Olhou pela última vez para dentro de si.

E viu, pela última vez, o quanto tinha se enganado.

Não com o moço da flor branca.

Não com o moço que pediu que ela usasse a voz e rodasse suas saias.

Não pelo moço que ela deixou ser o primeiro.

Não pelo guri que deu uma mordida e deixou marca.

Não pelos choros que ela pensou serem de fato verdadeiros.

Não pelas brigas sempre sem motivos concretos.

Notou que pensou sentir o que nunca tinha sentido.

Pensou que havia vivido uma bela vida, mas notou que era tudo um faz de conta sem história de feliz pra sempre.

Viu vitórias régias, viu cerejas, viu paulistas, viu gurias ... mas não se viu.

Entendeu que para todos aqueles, ela não era nada.

E nada seria sempre.

Poucos são os que valem.

Poucas são as que valem.

E muito são os que sentem.

Sentem tristeza profunda como ela sentiu naquele dia...

Resolveu que deveria queimar o piano.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

as pitangas

Sentou ao meu lado e começou a contar das coisas da vida

Acontece que eu, lá nos meus pensamentos insanos e caprichados, não estava muito aí

Aliás, nunca estou muito

E de certa forma isso me magoa

Saber que faço magoar

Deve ser aquele quê de poeta

Ele continuava a tagarelar e a noite já ia deixando espaço pro dia

Olha que coisa linda

Ele falando de si e da vida na verdade era uma forma só de pensar alto

No fundo algumas vezes falar é só deixar a voz não se perder

E eu, do lado direito do banco, pertinho da pitangueira, tentava pensar numa canção que desse no que aquilo estava dando

Num nada sem fim, que parecia com o tudo de um raiar de dia lindo

Acho que era um pedaço de amor...

Juntos, divagando, cada qual nos seus pensamentos... mas estávamos jun – tos

Daí eu achei engraçado estar junto mesmo pensando em separado

Mandei ele calar a boca

E foi um abraço com gosto de pitanga e sol mais lindo que só o começo de um dia pode ser.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

agostos

"oi zé
faça tudo que quiser ô zé
só não maltrate o coração dessa muié"

e a música ia trazendo felicidade pro peito daquela menina!

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esse agosto com gosto de infelicidade não sai da boca


vá ... se alongue daqui ...

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