segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Generoso, como os passarinhos.

todas as flores são suas
os espinhos ficam pra mim
nas pedras piso antes
pra saber se seus pés serão feridos
preciso que a dor venha em mim
resguardo todos os males do universo
a solidão
a tristeza
o amargor
são todos meus
não quero que nada de mal te pertença
não quero.
o barulho da sanfona
a Fuga na África
a valsa
os balões azuis e brancos
o sapato engraxado
o sorriso largo
as piadas de sempre
as histórias de sempre
as mangabas na estrada
o murici no meio das águas
os cajus beirando as cercas alheias
os milhos
as melancias
os melões
a vontade de voar
somos passarinhos
e engaiolar é matar.
então,
não morra.
nunca.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

de alguma forma, existe esperança
só não sei onde a deixei.

vazios me atordoam pela noite
e pelo dia se deitam na minha cama

as frestas consomem o sol
e anunciam o fim do dia: tudo, de repente, se transforma em breu.

é tal qual a vida:
existem buracos
mas a noite tampa
e o dia ilumina.

domingo, 2 de setembro de 2012

quem eu sou? quem eu sou? quem eu sou?

talho meu rosto na certeza do descompasso.
olho criticamente e não me enxergo.
suo durante as madrugadas buscando quem sou
e não me respondo.

me calo
quando deveria gritar
sussurro
quando deveria dormir

tenho asas,
mas meus pés estão presos.

quem eu sou?
quem eu sou?
quem eu sou?

me pergunto constantemente
e,
ao que parece,
de tanto perguntar teimo cada vez mais em não me responder.