sábado, 8 de dezembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
às vezes acho que a vida passou
que o tempo morreu
que não dá pra mim
é olhar pra trás e querer escolher um ponto,
quando na verdade a obrigação te empurra pra frente
dá pra falar "não, me deixa aqui"?
sempre é uma encruzilhada
um vou ou fico
os prós e os contras
o choro sob e sobre mesas de mármore: frias, cinzas e mórbidas
será que acaba?
um dia acaba?
vai ter uma rede, um cachorro, uma família, uma vida?
ou vai ser sempre essa sobrevida, esse caos, esse devir?
tem hora que a solução é não tentar solucionar
é deixar que o barco vá
que o corpo caia
que pegue fogo, pra flore-ser depois.
mas tem hora que depois é tempo demais...
que o tempo morreu
que não dá pra mim
é olhar pra trás e querer escolher um ponto,
quando na verdade a obrigação te empurra pra frente
dá pra falar "não, me deixa aqui"?
sempre é uma encruzilhada
um vou ou fico
os prós e os contras
o choro sob e sobre mesas de mármore: frias, cinzas e mórbidas
será que acaba?
um dia acaba?
vai ter uma rede, um cachorro, uma família, uma vida?
ou vai ser sempre essa sobrevida, esse caos, esse devir?
tem hora que a solução é não tentar solucionar
é deixar que o barco vá
que o corpo caia
que pegue fogo, pra flore-ser depois.
mas tem hora que depois é tempo demais...
terça-feira, 13 de novembro de 2012
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
desolação
na terra de ninguém
olho para o lado
estou só
nem os fantasmas me atormentam
seu cabelo tocou em mim há tantos anos
e por quantos mais?
que loucuras se comete sozinho?
cortar o cabelo?
chorar no espelho?
se sentir pleno?
plenitude
palavra finita
estou a miúde e sem ninguém pra me salvar
é como se me afogasse
ou como se nunca acordasse de um pesadelo
viver às vezes é pior que a morte.
na terra de ninguém
olho para o lado
estou só
nem os fantasmas me atormentam
seu cabelo tocou em mim há tantos anos
e por quantos mais?
que loucuras se comete sozinho?
cortar o cabelo?
chorar no espelho?
se sentir pleno?
plenitude
palavra finita
estou a miúde e sem ninguém pra me salvar
é como se me afogasse
ou como se nunca acordasse de um pesadelo
viver às vezes é pior que a morte.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
eu não sei
não sei falar da morte
não sei me portar com a morte
não sei me defender da morte
não sei abraçar na morte
não sei dizer palavras bonitas
não sei consolar
não sei dizer "vai ficar tudo bem"
não sei dizer o que deve ser dito
não sei me calar
não sei o que vai acontecer ali na esquina
não sei se chuto ou se pego
não sei me desprender de tudo que me aflige
e me soltar de tudo que me prende
não sei não estar aflita
não sei fingir
não vai ficar tudo bem
vai ficar tudo bem?
não sei dizer se um dia tudo isso vai passar
porque não passa
nunca passa
e não vai passar nunca
e não sei
e não queria saber da morte
mas ela está aqui
o tempo inteiro
e tudo nela me assombra
mesmo fingindo que não vejo no escuro
e mesmo fingindo que tudo parece tão claro no dia
são as sombras, sempre elas
como a morte.
não sei me portar com a morte
não sei me defender da morte
não sei abraçar na morte
não sei dizer palavras bonitas
não sei consolar
não sei dizer "vai ficar tudo bem"
não sei dizer o que deve ser dito
não sei me calar
não sei o que vai acontecer ali na esquina
não sei se chuto ou se pego
não sei me desprender de tudo que me aflige
e me soltar de tudo que me prende
não sei não estar aflita
não sei fingir
não vai ficar tudo bem
vai ficar tudo bem?
não sei dizer se um dia tudo isso vai passar
porque não passa
nunca passa
e não vai passar nunca
e não sei
e não queria saber da morte
mas ela está aqui
o tempo inteiro
e tudo nela me assombra
mesmo fingindo que não vejo no escuro
e mesmo fingindo que tudo parece tão claro no dia
são as sombras, sempre elas
como a morte.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Generoso, como os passarinhos.
todas as flores são suas
os espinhos ficam pra mim
nas pedras piso antes
pra saber se seus pés serão feridos
preciso que a dor venha em mim
resguardo todos os males do universo
a solidão
a tristeza
o amargor
são todos meus
não quero que nada de mal te pertença
não quero.
o barulho da sanfona
a Fuga na África
a valsa
os balões azuis e brancos
o sapato engraxado
o sorriso largo
as piadas de sempre
as histórias de sempre
as mangabas na estrada
o murici no meio das águas
os cajus beirando as cercas alheias
os milhos
as melancias
os melões
a vontade de voar
somos passarinhos
e engaiolar é matar.
então,
não morra.
nunca.
os espinhos ficam pra mim
nas pedras piso antes
pra saber se seus pés serão feridos
preciso que a dor venha em mim
resguardo todos os males do universo
a solidão
a tristeza
o amargor
são todos meus
não quero que nada de mal te pertença
não quero.
o barulho da sanfona
a Fuga na África
a valsa
os balões azuis e brancos
o sapato engraxado
o sorriso largo
as piadas de sempre
as histórias de sempre
as mangabas na estrada
o murici no meio das águas
os cajus beirando as cercas alheias
os milhos
as melancias
os melões
a vontade de voar
somos passarinhos
e engaiolar é matar.
então,
não morra.
nunca.
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
domingo, 2 de setembro de 2012
quem eu sou? quem eu sou? quem eu sou?
talho meu rosto na certeza do descompasso.
olho criticamente e não me enxergo.
suo durante as madrugadas buscando quem sou
e não me respondo.
me calo
quando deveria gritar
sussurro
quando deveria dormir
tenho asas,
mas meus pés estão presos.
quem eu sou?
quem eu sou?
quem eu sou?
me pergunto constantemente
e,
ao que parece,
de tanto perguntar teimo cada vez mais em não me responder.
olho criticamente e não me enxergo.
suo durante as madrugadas buscando quem sou
e não me respondo.
me calo
quando deveria gritar
sussurro
quando deveria dormir
tenho asas,
mas meus pés estão presos.
quem eu sou?
quem eu sou?
quem eu sou?
me pergunto constantemente
e,
ao que parece,
de tanto perguntar teimo cada vez mais em não me responder.
domingo, 26 de agosto de 2012
debaixo da ponte
parte de mim é o contrário do que o espelho mostra
quadrados coloridos têm pena de mim
eu sorrio
debaixo da ponte nem o rio sabe dizer que horas são
e elas são muitas.
quadrados coloridos têm pena de mim
eu sorrio
debaixo da ponte nem o rio sabe dizer que horas são
e elas são muitas.
terça-feira, 12 de junho de 2012
voz
silêncio repousado,
deita em mim teus olhos fundos
tristes
e sábios
o peito aberto entre os lençóis estreitos
a cama pronta pra volta ao mundo
os pés tocam o chão gelado
e a noite pousa no meu ombro esquerdo
fica, te peço
deita, te chamo
cala.
deita em mim teus olhos fundos
tristes
e sábios
o peito aberto entre os lençóis estreitos
a cama pronta pra volta ao mundo
os pés tocam o chão gelado
e a noite pousa no meu ombro esquerdo
fica, te peço
deita, te chamo
cala.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
tijolos
o barulho e o frio intimidam meus pensamentos e pele. fechada em mim mesma minto para conseguir esquecer a vida. lido bem com a solidão e com a tristeza vívida que carrego comigo. são minhas partes, fazem meu todo. porém o som da chuva e as letras miúdas falando de esquecimento, de falta de memória, de portas deixadas abertas e luzes acesas me assustam. mesmo fazendo um esforço pra esquecer, lembrar ainda é o que mais machuca. na verdade, não sei o que dói mais. me confundo com as lembranças do que eu não vivi e algumas fotos soam tão minhas, como se lembrasse da composição e do barulho do click. onde mesmo eu vim parar? quem eu era, quem sou e quem fui? chuvas me remetem a todos os lugares que morei, como se elas falassem "volte". só que, voltar pra onde? vou deixando pra trás tudo que posso e espalhando pedaços meus nos outros. será que se voltar em cada um que deixei meu pedaço de loucura, de neurose, de amor, de doçura, de amargura, de azedume e, quem diria, de romantismo, eu volto a ser alguém que fui um dia? é fácil não me reconhecerem: meus pedaços caem aos montes. catá-los? não, prefiro reconstruí-los.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
minha dor postou ao meu lado
ecoou na sala vazia
e as lágrimas tocaram o mármore gelado
quem fui eu naquele dia que não queria partir?
quem fui eu que parti de mim no dia que cheguei onde não queria?
quem sou eu que ganhei asas, mas que as quebrei e hoje meu voo mais fundo é no chão?
olhe pra mim, espelho, e me diga:
quem, além de mim, pode fazer e desfazer os nós?
"não se amarra solidão".
ecoou na sala vazia
e as lágrimas tocaram o mármore gelado
quem fui eu naquele dia que não queria partir?
quem fui eu que parti de mim no dia que cheguei onde não queria?
quem sou eu que ganhei asas, mas que as quebrei e hoje meu voo mais fundo é no chão?
olhe pra mim, espelho, e me diga:
quem, além de mim, pode fazer e desfazer os nós?
"não se amarra solidão".
domingo, 20 de maio de 2012
o tempo no trilho
pensei que o tempo era passageiro
até olhar para o lado e vê-lo sentado junto a mim
pensei que o tempo era passageiro,
porém distante
e percebi que a viagem seguiu
o trilho barulhou no meu ouvido
e o tempo não saía do meu lado
o fim do dia refletiu meu rosto na janela
tinha envelhecido
o tempo não
e percebi
eu era o tempo
o tempo éramos todos nós.
ele não envelhece
ele amadurece na gente.
até olhar para o lado e vê-lo sentado junto a mim
pensei que o tempo era passageiro,
porém distante
e percebi que a viagem seguiu
o trilho barulhou no meu ouvido
e o tempo não saía do meu lado
o fim do dia refletiu meu rosto na janela
tinha envelhecido
o tempo não
e percebi
eu era o tempo
o tempo éramos todos nós.
ele não envelhece
ele amadurece na gente.
sábado, 17 de março de 2012
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Ana
olhou praquela confusão, pros copos vazios, pras canecas sujas, pras letras escritas nas paredes, escorridas nas janelas, deitadas na cama. olhou os livros não lidos, os outros deixados pela metade, a maioria esperançosos só de ouvir "logo eu volto a ler você". mas não. a vida dela era muito maior que um quarto desorganizado, desarrumado, desestruturado. era só o retrato da vida.
Ana chegou a pensar que, se passasse desinfetante no chão e detergente nos copos e nas mãos, tudo estaria limpo. era uma forma de começar. aliviava. mas depois vinha pungente, latente, rompendo manhãs: vi-ver. não era fácil. e daí vinha o choro, misturado com o soluço, com a magnitude daquilo tudo que estava por vir. doía. não saber do futuro, não reler o passado, não viver o presente.
às vezes ia no bosque. a natureza era complexa e, no entanto, sofria calada. ou sorria calada. dava na mesma, algumas vezes.
e ela chegava e admirava aquela sombra toda, quase sentia frio. e se a sombra quisesse ser sol? chegava a ser frustrante pensar tanto.
voltou pra casa e, mais uma vez, preparou um chocolate quente. mais um pra sua coleção. pegou no sono. era reconfortante a bagunça em que se metia.
Ana chegou a pensar que, se passasse desinfetante no chão e detergente nos copos e nas mãos, tudo estaria limpo. era uma forma de começar. aliviava. mas depois vinha pungente, latente, rompendo manhãs: vi-ver. não era fácil. e daí vinha o choro, misturado com o soluço, com a magnitude daquilo tudo que estava por vir. doía. não saber do futuro, não reler o passado, não viver o presente.
às vezes ia no bosque. a natureza era complexa e, no entanto, sofria calada. ou sorria calada. dava na mesma, algumas vezes.
e ela chegava e admirava aquela sombra toda, quase sentia frio. e se a sombra quisesse ser sol? chegava a ser frustrante pensar tanto.
voltou pra casa e, mais uma vez, preparou um chocolate quente. mais um pra sua coleção. pegou no sono. era reconfortante a bagunça em que se metia.
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