quinta-feira, 15 de junho de 2017

cigana

chego desconfiada.
o vestido rodado e azul me aproxima de minha mãe. são nos pequenos gestos que as diferenças existem.
há velas ao lado direito. conto duas.
tenho desconforto, porém estou aberta
pés descalços
álcool para limpar braços, pernas e cabeça. não sabia que espíritos gostam de higienização. porém, apenas sigo o bonde.
sento
desconfio
fico ressabiada
começa
há velas
branco
cor
um castiçal carrega uma amarela e uma verde. não entendo a simbologia das cores.
sigo o ritual.
cruzo as pernas
"descruze", diz alguém atrás de mim
em alguns momentos, é como se segurasse o choro.
me chamam
sento
olhos nos olhos
"está confortável?"
digo não.
"acontece quando não conhecemos direito as coisas. o medo cega"
faço que sim
segue um diálogo que a cabeça já não me deixa lembrar
me colocam um véu azul na cabeça
há certa atração pelo cigano
sou cigana
espanhola
olhos azuis
porém, sei disso apenas no dia seguinte.
sou chamada mais uma vez
termina
é como se tivesse inebriada
diferente da infância, acolho
estou aberta.

estaria o tempo trazendo resiliência?
não sei.
apenas reflito que começo apenas a viver o começo de um novo futuro.

só não sei qual.

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