sexta-feira, 19 de maio de 2017

a mesa está posta e sinto que você não vem
o livro, deixado naquele mesmo capítulo, já sente o pó se acumulando nos vãos das palavras

palavras

sinto o silêncio invadir a sala como o sol: sem pedir licença, entrando pelos nossos poros e dizendo olá para a parede recém-pintada

sinto que você não virá
e você, de fato, não vem

seria o trânsito?
uma batida por desatenção porque passamos tempo demais olhando pra baixo, no celular?

não sei. respondo a mim mesma as perguntas que me faço.

em dias como esse, resta apenas ser

ser significa o quê?
volto a me questionar
e, reflito:
aí está o problema. perguntas demais.

volto a mim e, como com o celular, olho pra baixo.
dessa vez não procuro mensagens, respostas, joguinhos de passar o tempo.
olho diretamente pra mim e percebo que não estou olhando "pra baixo", estou olhando pra dentro.

repito o exercício em séries infinitas
continuo olhando pra mim
desfaço a mesa
fecho os livros
o sol diz adeus

durmo e amanheço em mim.

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