segunda-feira, 17 de julho de 2017

tá impossível.

passeio pela ansiedade
não roo unhas
não puxo os fios de cabelo
não consigo comer compulsivamente
nem parar de comer drasticamente
olho o horizonte frio
cinza
o barulho do vento
e mais do que nunca
estou onde não quero estar

"a cabeça é a ilha"

não dá para esquecer

"a cabeça é ilha"

me martirizo há dias
penso nos cigarros não-fumados
no quarto vazio
na metade da cama amputada
no chão frio demais para os pés
penso nos bilhetes encontrados, lidos, relidos, rasgados

ei, você aí? tudo bem, né? a vida vai bem. obrigada. não, que isso, obrigada você.

sinto me afundar na cadeira e ao mesmo tempo flutuar como os fantasmas se divertem
contenho as lágrimas
mas a dor é real
sinto fisicamente o coração acelerado
a boca seca
os lábios ressecados
a pressão traz o coração à boca

escuto a música

fingir
falsear
esconder
entro - pleonasticamente - para dentro
peço o silêncio do meu cérebro
mas, mais do que nunca, a cabeça grita
grita
grita

e eu só queria paz.
e eu só queria paz.

dá pra ser ou tá difícil?

alguém ecoa: impossível. tá impossível.

"a cabeça é a ilha".

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