domingo, 25 de maio de 2008

uma ilusão perdida

Cada vez me deparo mais com a sensação de ter de conviver comigo mesma.

Ficar só é isso. É entender como somos e, principalmente, como não queríamos ser.

Eu me odeio. Não por colher o que planto. Nem por achar que estou pagando o que meu outro ser fez na “minha” vida passada. E não é aquele ódio quase suicida. Não, não e não tem nada a ver com isso.

É tristeza. É melancolia. São as coisas desnecessárias. São as pessoas desnecessárias. Sou eu por mim mesma. E ponto.

É difícil se conhecer. E não, não falo que é difícil se autoconhecer por nunca pensarmos que somos uma coisa que não somos. É difícil porque é doloroso.

Não sou a princesa do conto de fadas.

Tão pouco a bruxa que oferta uma maçã.

Sou o que ninguém vê. Mas sou o que sinto. E, com absoluta certeza, sou o que poucos sentem.

Não sou o que minha mãe acha. Muito menos o que meu irmão acredita.

Não sou uma coisa só. Assim como não sou um sentimento só.

Sou um misto de nada com tudo e mais um pouco.

Sou uma ilusão perdida. Algo que não foi uma dádiva de deus.

Também não sou uma maldição de zeus.

Nem um dos sete pecados.

É duro. É imperfeito. E é tão típico de ser humano.

Um comentário:

i. bê. gomes disse...

.entendo bem o que sentes. essa angústia. eu sinto isso, e é tão pertinente quanto doloroso.

.e para mim soma-se à falta de tempo, à falta de coragem. e um arrependimento doído que todas as manhãs me vem como um belo - e não tão inocente - 'bom dia'. é foda.

.bonito texto, vizinha.

.amplexos.