terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Romulo

Tenho pensado muito em você, meu amigo.
Dia desses, organizando os livros, encontrei os seus. Todos lindamente autografados, com meu nome escrito no começo e o seu assinado ao final.
Sua letra me deu um misto de tristeza e alegria.
Até hoje lembro da sua casinha no Boa Esperança, com cheiro de café e amontoados de livros escritos e feitos por você. Você fez seus primeiros livros. Trabalho manual e intelectual invejável.
Lembro de um bem pequeno, com folhas que lembram papel de pão.
Aliás, nem tem mais aqueles papéis por aí. Tem? Eu não sei. Também não compro mais muito pão.
Você saiu de sua cidade, mas de alguma forma, Minas nunca saiu de você.
Não consigo parar de chorar. Alguns dias são mais cinzas que outros, Romulo. Mas é mais ainda difícil quando parte da sua cabeça é muito cinza por dentro.
Folheio os livros.
Gosto daquelas páginas amareladas.
Sorte existir Ramon em nossas vidas. Na sua vida.
Nosso último encontro foi tão rápido. Só peguei o livro, tirei uma foto e logo me fui.
Tenho saudade de você aparecer por aqui e escrever pra mim.
Tanto que só estou conseguindo escrever pra você passado tantos meses. Anos.
Confesso que não é fácil seguir escrevendo como me pediu.
E ainda dói saber que você não me lê mais.
Ou,
quem sabe
me lê.

Me avise: por aí você tem escrito? O céu é mesmo tudo que contam? Ou você resolveu ir para outro lugar?


Isa.


PS: Tenho certeza que o paraíso é dentro da cabeça da gente.

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