terça-feira, 7 de junho de 2016

Li

nos últimos tempos muitos têm ido embora:
sentimentos
ações
pessoas

sua partida, no entanto, veio como uma bomba. ou, diria eu, um infarto? algo de dentro pra fora, que muito dói, mas que tanto ensina.
meu pai, quando teve o dele, perdeu 30% da capacidade do coração
mas, não seriam os 70% restantes os novos 100%?

afinal, quem é ele?
pisciano nato. tal qual você: um raio de sol, uma risada escancarada, uma luz em dias tão escuros. falas tão precisas em momentos de ruptura.
sim, você me salvou.
me colocou os pés na terra. na Terra.
me tirou daquele país estranho - e lindo.
mal sabe você que suas palavras naquele dia vinham junto com a força dos Andes: a Cordilheira estava na minha frente.
talvez ela, sábia, experiente, gigante, tenha mostrado aquele dia algo que só vejo agora: quão pequenos somos nós diante de tudo aquilo, naturalmente e belamente exposto ao sol, chuva, neve, vento, homem.

suas palavras me salvaram e hoje, com sua partida, me sinto tão refém delas: palavras.
choro de felicidade, mas também com uma agonia inerente aos signos de Terra: não gosto de partidas.
sofro
faço drama
fico sem ação

mas não confunda nada disso com posse, ciúmes
não
é compreensão de que a gente foi feito mesmo é pra isso: pra voar, pra dar voos longos, mas também pra voltar pro ninho.

e que bom é voltar pros braços de quem um dia a gente disse um adeus sem saber direito quando voltaria "pra sempre".

sempre.

você
sempre
estará
aqui

mesmo aqui significando tantos lugares.

meu aqui é agora: te amo e te desejo um voo lindo.
lindo como sua risada escancarada.
como você

como a vida.

então: pela vida, voe!

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