sábado, 7 de maio de 2011

enquanto isso na lanchonete

não que fosse pra durar. mas enquanto eu pensava no próximo jogo, que logo vinha o brasileirão, que meu time tinha ido mal no regional, que dessa vez íamos dar uma lavada naqueles filhos da... mãe deles, o time dele tinha ido pra final. era o mesmo que eu pensando na próxima viagem e ele em comprar uma tv nova. e enquanto eu queria a tv nova e com cara de retrô, a dele era a em 3d - isso porque ainda não inventaram a com um número maior na frente do "d". eu pensava no casamento fracassado das primas, ele que as coisas são assim mesmo. eu pensei em que creme novo comprar pra testar no corpo, ele nem se importava com a barba crescendo, descomunal, que o deixava com uma cara de osama. eu cheguei a chorar no desenho, ele ria da tartaruga. nós ríamos da tartaruga, na verdade. mas ele não chorava no desenho. as nossas histórias se desencontravam, mas tinham se encontrado em algum ponto da vida e dado nisso: numa confusão de ocasos. e era gostoso o ocaso, os parques, os cinemas, os livros, as fotografias, as diferenças.

nos últimos tempos tenho entrado nas livrarias e sem a vontade de sair de lá. olho pras estantes e vejo tanto mundo. vejo tanta fala. vejo tanta coisa que certamente agradeceria por ter sido pensada, por ter sido criada, por ter sido imaginada, por ter sido vivida. eu te encontro nas estantes, te encontro na poeira da minha estante vazia e na vastidão de ideias nas estantes cheias das livrarias. eu te encontro de a à z. e te espero na lanchonete de sempre, pensando no casamento. enquanto você pensa no futebol...

*feita escutando "enquanto isso na lanchonete" - de hélio flanders (vanguart)

Nenhum comentário: