segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

ladrões

entraram em minha casa noite passada e levaram tudo que tinha:
o amor
o ar puro da fazenda da minha infância
aquela risada de porquinho que só eu mesma sabia dar quando ria "com o âmago", como eu mesma costumava dizer
a esperança
meus livros
a presença tão nítida de bukowski ali no canto
os passarinhos que costumavam ficar na goiabeira
minha garrafa de absinto preto 78% teor alcóolico
a minha vida

quando fui olhar o que tinha sobrado
não tinha sobrado nada
o espelho, aquele quebrado, eles também haviam levado
o que ficou? o que pude olhar? o que havia sobrado de mim?

o vidro da janela ainda refletia um pouco na luz do sol
e me vi
e... o que vi?

nada

não existia mais...

5 comentários:

Rodrigo Rogovski disse...

Maldito seja quem levou esse absinto.
Gostei muito, me fez ficar parado junto ao monitor pensando longe nessas horas da madrugada.

Iuri Gomes disse...

.sempre nos roubam algo.

.acostuma-te com isso, vecina.

Marília disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marília disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marília disse...

Diga, se não, como nos versos de Eduardo Alves da Costa, roubam-te também a voz e já não poderás dizer nada.


Ao menos não deixa que roubem as mãos.