quinta-feira, 17 de novembro de 2011

volte, marcelo.

quando eu conheci marcelo?
era pequena, ele mais velho e lembro que chegou em casa como um furacão. aliás, ele fazia o furacão.
não éramos parecidos, mas isso não era nada comparado ao mesmo sangue que corria em nossas veias. e que ainda corre. mas marcelo se desviou. o sangue ficou impuro. e a impureza nada tem de religão ou hipocrisias jogadas ao léu.

marcelo, simplesmente, se perdeu.

e quem já não desviou o caminho e como dorothy apenas queria voltar pro melhor lugar, que é nosso lar?
o problema de marcelo, infelizmente, era exatamente esse: onde estaria seu lar?

família destruída, farpas trocadas, marcelo menino. ele não aguentou. não esperou absorver as coisas. a ferida nunca estancou, só abriu e abriu. a rebeldia chegou. a pedra veio, dominou marcelo e dominado, estancou, sem de repente algum. marcelo sucumbiu, meio morto-vivo, meio sem destino, meio torto, meio menino.

é isso, marcelo é menino. parou no tempo e do tempo se fez refém. ou da pedra. ou do tráfico. ou da vida. marcelo se fez refém da vida. e aí, companheiro, não há fraternidade que socorra ou desarme. não há lembrança terna de um passado levemente adocicado que acalme. e no caso de marcelo, o passado não foi justo.

o que teria acontecido se nada tivesse acontecido? marcelo menino teria virado homem? num canto, encolhido, entregue, imune aos sentimentos, marcelo chora? sofre? agoniza? marcelo sente? e se sente, será que pode existir esperança, aqui desse lado dos tijolos amarelos, pra viver em paz? volte, marcelo.

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