sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

amigo

ele veio se instalando de mansinho. naquela multidão de futuros ricos, de domésticas frustradas, de enfermeiros que queriam ser médicos. ficava à minha esquerda, usava óculos, um detalhe nos dentes, sorrisos postos. nunca amarelos. até hoje me imagino por que olhei pra ele, por que naquela multidão nos achamos. eu, vinda de uma terra colorida, sotaque meio mudado, fui me prendendo, fui me apaixoaproximando. ele, tão solícito, tão calmo, tão engraçado, tão... ele.
e tudo foi acontecendo e se transformando.
e quantas conversas foram trocadas? milhares?
e quantas gargalhadas?
e quantas porrrrtas e carrrrnes e tudo mais que o R denuncia foram falados?
e quantas agonias?
e quantas frustrações?
e quantas pessoas foram passando?
e quantos você amou e eu odiei?
e quanto nos fomos querendo bem?
quantas visitas nas madrugadas?
quantas tentativas de truco?
e quanto e tudo e mais e sempre?

touro. câncer. ciúme. entrega. amizade.

de tudo que passa, pouco fica.

você ficou.

obrigada por existir, amigo.

3 comentários:

Renatim Pirei disse...

lindo, por demais. deveras lindo.
Diria Ulisses: "mais vale um pato morto do que dois no quarto".
muito obrigado.

Felipe de Queiroz Telles disse...

você escreve muito bem, parabéns. gostei do seu texto.

Amuná Djapá disse...

eu quero ter um milhao de amigos e bem mais forte poder cantar