quarta-feira, 13 de agosto de 2008

sem pra sempre


Olhou pela última vez para dentro de si.

E viu, pela última vez, o quanto tinha se enganado.

Não com o moço da flor branca.

Não com o moço que pediu que ela usasse a voz e rodasse suas saias.

Não pelo moço que ela deixou ser o primeiro.

Não pelo guri que deu uma mordida e deixou marca.

Não pelos choros que ela pensou serem de fato verdadeiros.

Não pelas brigas sempre sem motivos concretos.

Notou que pensou sentir o que nunca tinha sentido.

Pensou que havia vivido uma bela vida, mas notou que era tudo um faz de conta sem história de feliz pra sempre.

Viu vitórias régias, viu cerejas, viu paulistas, viu gurias ... mas não se viu.

Entendeu que para todos aqueles, ela não era nada.

E nada seria sempre.

Poucos são os que valem.

Poucas são as que valem.

E muito são os que sentem.

Sentem tristeza profunda como ela sentiu naquele dia...

Resolveu que deveria queimar o piano.

Um comentário:

i. bê. gomes disse...

.pelo jeito o piano ronda as palavras deste ex-passo também. lá é com sangue - um delírio pós-loucura-esfumaçada -, aqui é com fogo.

.piano, sempre ele.

.sê poeta, minina. finge sentir. às vezes é bom.

.amplexos!.