entraram em minha casa noite passada e levaram tudo que tinha:
o amor
o ar puro da fazenda da minha infância
aquela risada de porquinho que só eu mesma sabia dar quando ria "com o âmago", como eu mesma costumava dizer
a esperança
meus livros
a presença tão nítida de bukowski ali no canto
os passarinhos que costumavam ficar na goiabeira
minha garrafa de absinto preto 78% teor alcóolico
a minha vida
quando fui olhar o que tinha sobrado
não tinha sobrado nada
o espelho, aquele quebrado, eles também haviam levado
o que ficou? o que pude olhar? o que havia sobrado de mim?
o vidro da janela ainda refletia um pouco na luz do sol
e me vi
e... o que vi?
nada
não existia mais...
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5 comentários:
Maldito seja quem levou esse absinto.
Gostei muito, me fez ficar parado junto ao monitor pensando longe nessas horas da madrugada.
.sempre nos roubam algo.
.acostuma-te com isso, vecina.
Diga, se não, como nos versos de Eduardo Alves da Costa, roubam-te também a voz e já não poderás dizer nada.
Ao menos não deixa que roubem as mãos.
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