passeio pela ansiedade
não roo unhas
não puxo os fios de cabelo
não consigo comer compulsivamente
nem parar de comer drasticamente
olho o horizonte frio
cinza
o barulho do vento
e mais do que nunca
estou onde não quero estar
"a cabeça é a ilha"
não dá para esquecer
"a cabeça é ilha"
me martirizo há dias
penso nos cigarros não-fumados
no quarto vazio
na metade da cama amputada
no chão frio demais para os pés
penso nos bilhetes encontrados, lidos, relidos, rasgados
ei, você aí? tudo bem, né? a vida vai bem. obrigada. não, que isso, obrigada você.
sinto me afundar na cadeira e ao mesmo tempo flutuar como os fantasmas se divertem
contenho as lágrimas
mas a dor é real
sinto fisicamente o coração acelerado
a boca seca
os lábios ressecados
a pressão traz o coração à boca
escuto a música
fingir
falsear
esconder
entro - pleonasticamente - para dentro
peço o silêncio do meu cérebro
mas, mais do que nunca, a cabeça grita
grita
grita
e eu só queria paz.
e eu só queria paz.
dá pra ser ou tá difícil?
alguém ecoa: impossível. tá impossível.
"a cabeça é a ilha".
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