a mesa está posta e sinto que você não vem
o livro, deixado naquele mesmo capítulo, já sente o pó se acumulando nos vãos das palavras
palavras
sinto o silêncio invadir a sala como o sol: sem pedir licença, entrando pelos nossos poros e dizendo olá para a parede recém-pintada
sinto que você não virá
e você, de fato, não vem
seria o trânsito?
uma batida por desatenção porque passamos tempo demais olhando pra baixo, no celular?
não sei. respondo a mim mesma as perguntas que me faço.
em dias como esse, resta apenas ser
ser significa o quê?
volto a me questionar
e, reflito:
aí está o problema. perguntas demais.
volto a mim e, como com o celular, olho pra baixo.
dessa vez não procuro mensagens, respostas, joguinhos de passar o tempo.
olho diretamente pra mim e percebo que não estou olhando "pra baixo", estou olhando pra dentro.
repito o exercício em séries infinitas
continuo olhando pra mim
desfaço a mesa
fecho os livros
o sol diz adeus
durmo e amanheço em mim.
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