olhou praquela confusão, pros copos vazios, pras canecas sujas, pras letras escritas nas paredes, escorridas nas janelas, deitadas na cama. olhou os livros não lidos, os outros deixados pela metade, a maioria esperançosos só de ouvir "logo eu volto a ler você". mas não. a vida dela era muito maior que um quarto desorganizado, desarrumado, desestruturado. era só o retrato da vida.
Ana chegou a pensar que, se passasse desinfetante no chão e detergente nos copos e nas mãos, tudo estaria limpo. era uma forma de começar. aliviava. mas depois vinha pungente, latente, rompendo manhãs: vi-ver. não era fácil. e daí vinha o choro, misturado com o soluço, com a magnitude daquilo tudo que estava por vir. doía. não saber do futuro, não reler o passado, não viver o presente.
às vezes ia no bosque. a natureza era complexa e, no entanto, sofria calada. ou sorria calada. dava na mesma, algumas vezes.
e ela chegava e admirava aquela sombra toda, quase sentia frio. e se a sombra quisesse ser sol? chegava a ser frustrante pensar tanto.
voltou pra casa e, mais uma vez, preparou um chocolate quente. mais um pra sua coleção. pegou no sono. era reconfortante a bagunça em que se metia.
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Um comentário:
Isa, pena que você sumiu. Continuo nas lidas literárias. Tenho curtido seu trabalho. Continuo com o meu. Como deve saber publiquei sete livros em 2010, um em 2011. Em 2011 escrevi 5 (O Menino e a peroba-rosa; A Menina sem tranças; Torturados - tempos de bullying; Os Sete meninos do sertão e os escravos da pedofilia). Em 2012 escrevi Buritis e agora estou fazendo a continuação. Apareça. Venha bater um papo, mostrar as novidades literárias, tomar um cafezinho.
Romulo
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