Me afogam as águas claras daquele dia que te deixei
Lembro de olhar mais uma vez, para ter certeza que aquilo era o certo
Que não iria me arrepender
Que tinha muita vida em mim, em nós
Independente das notícias que viessem de você, não me afligiria, não me amarguraria com o que restou de nós: nada
Não precisava de tempo para saber que ao escolher uma via, sempre teria errado em não ter escolhido a outra
Não, não é isso meu bem, não é arrependimento – são escolhas
Sabe o lance do Bukowski de que “o amor é uma espécie de preconceito”, que amamos o que é conveniente, de que, como podemos amar uma pessoa, enquanto há dez mil outras no mundo que não amaremos porque nunca conheceremos?
Pois é
Não é isso e é também
Me adianto no sofrimento para não me adiantar na dor: me faz bem chorar pelo que não foi do que pelo acabou sendo e deixou marcas que nem o tempo tiram do corpo
É como olhar aquela cicatriz que não sara e ver claramente o dia do acidente
Me embaralho em pensamentos, entre o que foi, o que tem sido, o que poderia ser e me pego mais confusa do que aquele dia em que as escadas que desci foram poucas para entender o quanto você já existia em mim
Não sei se peço para continuar existindo ou se acredito profundamente em uma escolha, sabendo que ela simplesmente me fará não fazer outra.
Confuso?
Nunca deixaria de ser.
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