não foi assim que planejei: nascer torta, sem rumo. ouvi que fechar a porta de uma vez é a melhor saída pra não deixar resquicíos. é mentira. funciona mais ou menos como brilho eterno de uma mente sem lembranças, não adianta. não é o polegar opositor que nos faz homens, o que nos faz homens (ou nos faz menos homens) é exatamente a memória - e nem adianta vir com o papo da memória do elefante. é a memória que nos alimenta e nos destrói. é ela que não me deixa dormir. ou, pior, a falta dela que não me deixa viver. não, não falo de mim exatamente, mas de nós, humanos. em Íris a personagem começa a perder a memória...uma mulher das letras que começa a se esquecer quem é, quem foi, o que escreveu. pra mim, que dentro das minhas possibilidades caminho, vejo, toco, sinto, escuto e choro, que horrível não seria perder exatamente aquilo que me define enquanto ser humano. sim, eu sei que me definem, mas geralmente costumo ser exatamente do modo como penso que sou. explico, se falarem bem, sim, sou eu. se falarem mal, talvez seja eu. mas de qualquer forma continuo sendo, mesmo implicitamente, continuo sabendo do que gosto (ou do que não gosto), do que quero (ou do que não quero).não querer ou querer. você sabe o que quer? quando comecei a escrever isso jurei que viraria um poema. mas não, as palavras, assim como nós humanos, sabem o que querem. sabem como se definir e sabem que a indefinição faz parte da vida bem como a definição também faz. nos últimos tempos é mais fácil me encontrar pela indefinição: ela tem conseguido me definir melhor do que pensei que poderia ser definida durante toda uma vida.
e como toda uma vida passar rápido.
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