quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

não.

por um lapso de tempo perdi você
Não, não é você que tem nome
que anda
E dorme quando a cidade acorda

pelo contrário

Não sei teu nome
e ando me perdendo dos meus faz tempo
é como se tivesse acordado e lembrado que não existo

e talvez não exista mesmo


ontem vi aquelas coisas que lembravam aqueles dois que
definitivamente
não sou eu

“é o seu cabelo?”
“certeza, querida, é sua roupa”
“você pintou e cortou?”
“fez plástica?”
“emagreceu?”
“o que você tem de diferente?”


não sei, talvez o jeito de andar?

ou
quem sabe
a falta de sentimentos

cansar de tocar o intocável deu nisso...


virei uma coisa indefinida sem rosto
daí que ficar sem sentimentos
foi só um passo lateral a mais

3 comentários:

Marília disse...

"Foi só um passo lateral a mais."

É lindo!

Um chêro

Siturcio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Siturcio disse...

Esse post diz muito sobre tantas coisas. Explica tanto, que chega a emocionar o leitor, talvez apenas os não tão desavisados. Aqueles que se interessam por si, e em si veem algo que não se vê sempre. Há tanto guardado em nós. Há tantos nomes, e eles são tão pouco importantes ante o tudo mais. No fim das contas não ser compreendido às vezes diz mais que a própria compreensão que se tem sobre o que não se compreende.

No mais, adorei o post. Belo post.