não tenho mais o que fazer. dói.
está corroendo. o vizinho com suas canções sofridas me machuca. você não ligar me machuca. e me ligar me machuca ainda mais. o ventilador não funcionar me enraivece. e dois ventiladores funcionando me fazem perguntar se deus existe e o que ele é. o doritos remexido me embrulha o estômago. raul tocando alto em outro vizinho e falando de casamento inútil me lembrou o som do vinil e minha infância. passou um carro, que carro será que seria amor? você adivinharia comigo? não, que pergunta inútil. rauuuuul? por que ainda tocas? cala a boca! a vida na cidade me enloqueceu. meus remédios já não fazem efeito, os delírios cotidianos de bukowski não mexem tanto comigo como os meus próprios...está tudo aberto, aquela ferida na moto de semana passada na perna esquerda está aí... exposta... tudo detalhadamente doído...e jogado.
os óculos
as chaves
a caneca com uma colher dentro
um par de brincos
dez reais
anna akhmátova
machado de assis
peru
austrália
natal
fortaleza
rio de janeiro
são paulo
... tantos lugares em uma só estante.
me dá medo.
já estive em todos? por que não me lembro? é melhor esquecer ou simplesmente guardar em uma caixa de pandora junto com a esperança?
o vizinho se calou.
aproveitarei o silêncio dele...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
.eu diria que o vizinho é um sujeito calado mesmo... aproveita o silêncio dele. talvez em breve ele grite.
.talvez.
Postar um comentário