domingo, 28 de junho de 2009

talvez

a chuva escorregou o dia
levou-o arrastado pelas ruas
calçadas
asfaltos
cimentos

não há escapatória
e então
entendi tudo

onde eu sempre erro
é onde me erraram: em mim

entendi que nunca me pertenci
apesar de a todo tempo existir algo pedindo
"por favor, agora. por favor, agora"
ser eu sempre me machucou demais

por isso
forma que escolhi
foi machucar os outros com um pouco de mim

dói, machuca, rasga

talvez a chuva seja choro


e talvez a solidão
seja só solidão

que, me permitindo ser eu,
solidão não tem "só"...
solidão é
e é um é doído demais

Um comentário:

Dafne Henriques Spolti disse...

Que bom que pelo menos sua tristeza é bela. Dafne