Sentou ao meu lado e começou a contar das coisas da vida
Acontece que eu, lá nos meus pensamentos insanos e caprichados, não estava muito aí
Aliás, nunca estou muito
E de certa forma isso me magoa
Saber que faço magoar
Deve ser aquele quê de poeta
Ele continuava a tagarelar e a noite já ia deixando espaço pro dia
Olha que coisa linda
Ele falando de si e da vida na verdade era uma forma só de pensar alto
No fundo algumas vezes falar é só deixar a voz não se perder
E eu, do lado direito do banco, pertinho da pitangueira, tentava pensar numa canção que desse no que aquilo estava dando
Num nada sem fim, que parecia com o tudo de um raiar de dia lindo
Acho que era um pedaço de amor...
Juntos, divagando, cada qual nos seus pensamentos... mas estávamos jun – tos
Daí eu achei engraçado estar junto mesmo pensando em separado
Mandei ele calar a boca
E foi um abraço com gosto de pitanga e sol mais lindo que só o começo de um dia pode ser.
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