segunda-feira, 30 de maio de 2011

receita

me faça feliz.
vamos acordar ouvindo o barulho do mar
nada de cidade grande, uma vilinha
ponha chico, pode ter os chiados do vinil...
qualquer canção dele, mas pode colocar "eu te amo"
me receba pela manhã com pães de queijo e suco de goiaba
um café forte
uma florzinha ao lado da bandeja - qualquer flor
um bom dia
o sol
a sombra
nós

domingo, 29 de maio de 2011

o rapaz que mora sozinho e fazia comida pra um batalhão

das duas, uma: antes tentar do que se frustrar a vida inteira. e, entre a frustração de dar errado e a de nunca dar, mas sempre pensar no que poderia ter sido, ele ficaria com a primeira opção. ainda assim, deu certo. deu certo olhar pra cidade e pensar "eu consegui". deu certo respirar por meses ao lado de alguém, de compartilhar. deu certo os sanduíches trocados à beira mar. e deu tristeza quando ele partiu. como diria caio, a solidão sempre vem. e é cruel. ah! sim, é.
e foram peças... dezenas delas
foram dias quase-lindos aos lugares magníficos
foram sóis se pondo, tocando no mar
foram filmes que tocaram a alma, que quase diziam "preciso que você veja isso"
foram choros escondidos pra ninguém
foram sorrisos verdadeiros quando, por um segundo, a palavra saudade ficava ausente
foram te amos ditos pelo telefone, pelas mensagens de celular, pelos pensamentos avulsos...
foram surpresas no meio da madrugada, fazendo presença
e tem sido...
a comida que só ele sabe fazer
o caldo verde com pedacinhos de bacon
a orla esperando você chegar para ser compartilhada
a cidade gritando "volte, por favor"
"volte, que eu fiz feijão pra um batalhão inteiro..."
um batalhão chamado você.

para meu amigo, com carinho e amor.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

às vezes, é como o vento. tão óbvio e tão impossível de tocar...de encher a mão e falar "é meu".
você e nem você, vocês nunca foram.
ninguém nunca foi.
ninguém.

nunca.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

da próxima, quero gostar menos. deus castiga.

troca-se livros por corações. e jogam-se os dois fora.

não olhar pra trás foi a melhor coisa que fiz da última vez que te vi. ainda que não pude te tocar, não quis mais te ter. e me doeu. não olhar querendo olhar. não pegar querendo apertar. a vida não vem de viés. pega pelo meio. enche de buracos o corpo e, pelo mesmo fato, adoece a mente.
sim, fiquei doente. caí e não me levantei por semanas da cama que eu mesma me preparei.
acontece que tudo, tudo, honney, passa.
e passou.
lembra dos livros no telhado? você jogou um coração pela janela.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

há coisas que terminam naturalmente. outras forçosamente. e há coisas que nem deviam começar.

terça-feira, 10 de maio de 2011

veja a falta de luz na janela

Você não entenderia, não entenderia se eu te dissesse tudo que tenho vivido. Não entenderia porque sempre me mato, me saboto, me destruo. Não entenderia porque sempre me machuco, literalmente, me machuco com as unhas no meio da madrugada. Lembra dos meus choros sem motivo algum? Lembra de quando não éramos nada? Lembra que não consigo me lembrar? Me bloqueei para essas coisas da vida. Gosto do gosto do sofrimento, das madrugadas silenciosas. De começar bem e terminar mal. Gosto de chegar no fundo do poço e cavar mais fundo ainda. Não é como nunca ter tido, é como se estivesse estado um dia ali e, de repente, tivesse sido roubado, amputado, perdido.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

lo que me duele

Mientras eso, lo que queda, es todo que no era para quedar. Mientras lo que vivo, quedame lo que no era para estar vivo. Mientras siento, sufro y mientras no soy, me voy estando.Y me duele. Me escuchas? Duele...

sábado, 7 de maio de 2011

enquanto isso na lanchonete

não que fosse pra durar. mas enquanto eu pensava no próximo jogo, que logo vinha o brasileirão, que meu time tinha ido mal no regional, que dessa vez íamos dar uma lavada naqueles filhos da... mãe deles, o time dele tinha ido pra final. era o mesmo que eu pensando na próxima viagem e ele em comprar uma tv nova. e enquanto eu queria a tv nova e com cara de retrô, a dele era a em 3d - isso porque ainda não inventaram a com um número maior na frente do "d". eu pensava no casamento fracassado das primas, ele que as coisas são assim mesmo. eu pensei em que creme novo comprar pra testar no corpo, ele nem se importava com a barba crescendo, descomunal, que o deixava com uma cara de osama. eu cheguei a chorar no desenho, ele ria da tartaruga. nós ríamos da tartaruga, na verdade. mas ele não chorava no desenho. as nossas histórias se desencontravam, mas tinham se encontrado em algum ponto da vida e dado nisso: numa confusão de ocasos. e era gostoso o ocaso, os parques, os cinemas, os livros, as fotografias, as diferenças.

nos últimos tempos tenho entrado nas livrarias e sem a vontade de sair de lá. olho pras estantes e vejo tanto mundo. vejo tanta fala. vejo tanta coisa que certamente agradeceria por ter sido pensada, por ter sido criada, por ter sido imaginada, por ter sido vivida. eu te encontro nas estantes, te encontro na poeira da minha estante vazia e na vastidão de ideias nas estantes cheias das livrarias. eu te encontro de a à z. e te espero na lanchonete de sempre, pensando no casamento. enquanto você pensa no futebol...

*feita escutando "enquanto isso na lanchonete" - de hélio flanders (vanguart)

domingo, 1 de maio de 2011

cheiros e gostos

nada acontece sozinho, já percebeu? o mundo é uma avalanche. e pra quem é bom? de quem é a resposta? no fundo e no fim, nem a solidão é solitária. eu lembro da sua risada e lembro da minha. até consigo ter a mesma sensação do cabelo roçando no fim das minhas costas, mesmo não tendo mais cabelo que alcance esse lugar. consigo me lembrar daquele cheiro dos biscoitos doces caseiros da minha mãe. posso até alcançar a felicidade daquele dia que te conheci. e desde então já conheci tantas coisas e lugares e pessoas e cheiros e gostos. e nada mudou. no fundo, nada mudou.
das dores do mundo, a morte é a mais cruel. e se eu quisesse a sua risada mais gostosa e o seu jeito de dizer as coisas mais simples das maneiras mais interessantes?