Me fez subir lá (digo, lá lááááá) no alto e disse que não me arrependeria
“a vista é linda, juro”
Só que o caminho foi tão tortuoso, tão cheio de curvas, tão cheio de pedras, tão cansativo...
E ele, com aquele jeito de menino, aquela calma que nunca era passageira me dava raiva, por estar tão cansada, e às vezes me dava agonia, por eu não conseguir ser assim
“Vamos, meu bem” ele me dizia com aquele sorriso como da primeira vez que o vi no retrato em preto e branco
E eu, na minha velhice cansada,despreparada e mórbida quase que desistia a cada pedra, cada passo
Mas aquele verde, misturado com seu sorriso, com seus passos ávidos pelo fim tão “inarrependível”, se é que tal palavra existia, me fazia acreditar que eu podia sim gostar do fim...
Gostar do fim? estranho, né?
Mas ele, com seus “meu bem” ditos a todo momento, como um novo fôlego, me fizeram chegar
Esbaforida, morrendo, velha
Sentei em uma pedra, observei
Ele, pegou em minha mão, me deu um beijo tão terno, me fez perder toda a pequena raiva que poderia ter dele...
“eu falei que você não ia se arrepender”, disse em meu ouvido
Ficamos observando a paisagem, aquilo era tão bucólico comparado com todo aquele wisky, sexo e guetos sujos que o velho bukowski safado fez com que nos aproximássemos
É, não me arrependi
E apenas o abracei