quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

fiz coisas erradas
abraceis pessoas erradas
amei errado
cantei errado
vivi errando
e continuo existindo pra aprender.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ana

olhou praquela confusão, pros copos vazios, pras canecas sujas, pras letras escritas nas paredes, escorridas nas janelas, deitadas na cama. olhou os livros não lidos, os outros deixados pela metade, a maioria esperançosos só de ouvir "logo eu volto a ler você". mas não. a vida dela era muito maior que um quarto desorganizado, desarrumado, desestruturado. era só o retrato da vida.
Ana chegou a pensar que, se passasse desinfetante no chão e detergente nos copos e nas mãos, tudo estaria limpo. era uma forma de começar. aliviava. mas depois vinha pungente, latente, rompendo manhãs: vi-ver. não era fácil. e daí vinha o choro, misturado com o soluço, com a magnitude daquilo tudo que estava por vir. doía. não saber do futuro, não reler o passado, não viver o presente.
às vezes ia no bosque. a natureza era complexa e, no entanto, sofria calada. ou sorria calada. dava na mesma, algumas vezes.
e ela chegava e admirava aquela sombra toda, quase sentia frio. e se a sombra quisesse ser sol? chegava a ser frustrante pensar tanto.
voltou pra casa e, mais uma vez, preparou um chocolate quente. mais um pra sua coleção. pegou no sono. era reconfortante a bagunça em que se metia.